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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'War Machine', da Netflix, tem roteiro fraco e péssima atuação de Pitt

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Está no dicionário: sátira é aquilo que ridicularizo algo para efeito de crítica e com o riso como um dos objetivos intermediários -- fazendo com que o púbico perceba absurdo de algumas situações. No cinema, este é um recurso amplamente utilizado e já gerou obras clássicas, como M.A.S.H., Dr. Fantástico, Apertem os cintos... o piloto sumiu!. Agora, a Netflix se vale deste recurso para contar a história do general Glen McMahon(Brad Pitt) no filme War Machine, lançado nesta sexta-feira, 26, direto no streaming.

Na história,que é uma paródia da vida do ex-comandante dos EUA no Afeganistão, Stanley McChrystal, acompanhamos McMahon na tentativa de livrar o país dos insurgentes, para devolver o Afeganistão à população. No entanto, para isso, ele precisará entrar em guerra -- o que não é de interesse de ninguém. Num delírio de grandeza e tentando provar seu ponto, porém, McMahon faz uma investida contra a província de Helmand, a única dominada pelos talibãs. A partir daí, as suas decisões, contadas por um repórter da revista Rolling Stones, irão enterrar sua carreira e colocar a guerra no Oriente Médio em xeque.

Assim, para dar ares de crítica social à trama, o diretor David Michôd -- que surpreendeu com The Rover -- estereotipa Brad Pitt ao extremo. Sua mão é em formato de garra, as suas sobrancelhas ficam constantemente arquedas e ele corre quilômetros diariamente de manhã com pernas bem abertas, ao melhor estilo do americano perfeito. Pitt, porém, que já se saiu bem em outros papéis estereotipados (como Queime Depois de Ler, Snatch e, claro, Bastardos Inglórios), falha na criação de sua personagem. O sotaque não funciona e os trejeitos acabam soando cansativos para quem está assistindo. No final, a figura de McMahon se torna uma mistura desagradável de todos outros esterótipos que o ator já viveu.

Além disso, poucas cenas causam risos sinceros -- apenas uma envolvendo Ben Kingsley e outra com Pitt fazendo videoconferência.Pouquíssima coisa para um filme que está sendo vendido pela Netflix como uma comédia. E pior: se fosse vendido como drama, o longa-metragem também não funcionaria, já que não há aprofundamento das personagens e várias situações causariam ainda mais vergonha alheia. Faltou inspiração para Michôd ao adaptar o livro de Michael Hastings, que inspirou as situações do filme. Seria mais interessante se tivesse tido um investimento maior na história de bastidores,como em A Longa Caminhada de Billy Lynn, que não é bom, mas acerta em contar tramas por trás dos panos.

No final, em toda a trama, apenas duas cenas chamam a atenção: o enfrentamento entre Pitt e a atriz Tilda Swinton, em uma rápida participação;e o tom de crítica a alguns pontos do governo de Barack Obama. Afinal, o ex-presidente dos Estados Unidos errou como qualquer outro político, e pouco foi mostrado nas telas de cinema.

No final, porém, os erros são maiores do que os acertos e War Machine, que custou um total de US$ 60 milhões para a Netflix, não consegue reverter os problemas da plataforma de streaming com filmes de ficção. É arrastado, tem Pitt em seu pior papel visto nos últimos anos e, pior, não consegue fazer com o que cumpre. Uma pena, já que a história baseada na vida de McChrystal tinha potencial. Agora, é esperar o lançamento de Okja e The Meyerowitz Stories para ver se a plataforma consegue mostrar se faz filmes tão bem quanto séries. Afinal, desta vez, ainda não deu.


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