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Foto do escritorMatheus Mans

Vera Holtz fala sobre memória, família e 'As Quatro Irmãs'


Ao contrário do convencional, a atriz Vera Holtz não esperou o horário da coletiva de imprensa para dar as caras na exibição do filme As Quatro Irmãs. Quebrando um protocolo informal, a atriz da recente novela Orgulho & Paixão participou do café da manhã e da própria projeção do longa-metragem que protagoniza. E não escondeu a emoção perante os presentes, que mergulharam nas memórias da atriz paulista.

"Me emocionei pra valer. Principalmente por ver minha irmã Tereza na tela, que veio a falecer no meio do ano passado", contou a atriz ao final da exibição de As Quatro Irmãs. "É um filme ligado diretamente com a minha família, sobre as memórias que eu tenho e as memórias que estão sendo esquecidas por mim aos poucos. É uma epifania reviver tudo isso na tela grande pela primeira vez, revendo essas pessoas queridas da vida."

O longa-metragem é um exercício do cineasta Evaldo Mocarzel (Até o Próximo Domingo) que fica no limiar entre documentário e ficção. No meio do experimentalismo está a família e a memória de Holtz. Com problemas de memória, a atriz global volta para a casa onde cresceu e se reencontra com suas outras três irmãs para cantar canções da infância, relembrar histórias que viveu e se reconectar com a sua família

Durante o filme, Holtz ainda veste as roupas da mãe, já falecida, para contar a história sob sua perspectiva e falar das filhas, com personalidades diferentes e marcantes.

"É importante ter um filme que fale sobre família, sobre pertencimento, que investigue a memória. Por mais que sejam lembranças particulares, minhas e de minhas irmãs, é algo que acaba sendo levado para outras pessoas", disse Vera durante a coletiva de imprensa no Cine SESC, em São Paulo. "Assisti pela primeira vez e, apesar de ser bem aberto sobre a minha vida, me senti confortável, feliz daquilo estar sendo contado."

Mocarzel, aliás, revelou um curioso acontecimento de bastidores. Quando gravava o filme, há três anos, Vera estava com 63. Mesmo assim, talvez por conta da ligação emocional e afetiva com sua infância que sofreu durante as gravações na casa da família, Vera menstruou. "Foi uma experiência transformadora, que trouxe muitas emoções à tona", disse o diretor. "Vera acabou respondendo fisicamente à isso."

O cineasta, aliás, também revelou os desafios da gravação. "Eu não podia transformar o filme numa ego trip da Vera ou num vídeo caseiro, de memórias. Procurei referências para conseguir criar um produto complexo, de linguagem narrativa que vai além do documentário e da ficção", contou. "Mas o clima dos bastidores foi muito bom. As irmãs de Vera faziam comida a todo momento, ninguém parava de comer. Foi muito pra cima."

* O filme faz parte da programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A reportagem assistiu ao longa durante a pré-cobertura do festival.

 

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