1. A ideia é muito, muito boa
Criada por Tim Miller (Deadpool) e produzida por David Fincher (Garota Exemplar), a série Love, Death & Robots é uma espécie de Black Mirror em formato de animação sobre fantasia e ficção científica. Com 18 episódios independentes, com média de 13 minutos, ela traz aspectos interessantes e inusitados sobre vida, tecnologia e espaço. Há discussão sobre espíritos ancestrais (Noite de Pescaria), influência ideológica (Quando o Iogurte Assumiu o Controle), vampiros (Sugador de Almas) e até de divertidos robôs num mundo pós-apocalíptico (Os Três Robôs). É uma diversidade impressionante de temas e narrativas, mas que se completam por esse pano de fundo da ficção científica.
2. O visual acompanha a narrativa
Assim como cada episódio tem uma história independente, o traço da animação também muda. Algumas histórias possuem um desenho mais infantil e simples (Boa Caçada), outras extremamente realista (Metamorfos, Ajudinha). Esta é uma boa forma de celebrar não só a diversidade narrativa da história, como as diversas possibilidades que a animação permite às produções. É incrível ver como os traços podem mudar de uma história para outra e como, na maioria dos casos, o desenho faz sentido com o que está sendo contado. Noite de Pescaria, por exemplo, não poderia ter sido contado de outro jeito, poético e colorido. Já Ajudinha, se fosse simples, não teria o mesmo impacto.
3. São animações curtas que valem por um filme
O mais surpreendente, porém, é como os roteiristas da série conseguiram sintetizar grandes temas em poucos minutos. O episódio Para Além da Fenda de Aquila, que é o melhor dos dezoito, funciona como o plot twist de um excelente filme de exploração espacial. Mesmo sem ter um background por trás dos personagens, a história deixa qualquer um perplexo, grudado na TV. O mesmo vale para os excelentes A Testemunha, Ajudinha e Histórias Alternativas -- este último é de um humor sagaz digno de Deadpool. Difícil não se impressionar com essas grandes, mas curtas, histórias.
Mas, porém, todavia, entretanto...
Ainda que seja feita por animação, Love, Death & Robots não é para crianças, nem para pessoas de estômago fraco. Há muito sexo, muita violência e, por vezes, uma mistura interessante dos dois -- como no bom episódio A Vantagem de Sonnie. Além disso, parece haver um ou outro episódio, nessa leva de 18, que não concatenam muito com o que é apresentado no restante da produção. O Lixão, por exemplo, é divertido e muito bem feito. Mas será que faz sentido com o restante? Fica para o espectador decidir. O fato, porém, é que esta é uma das boas surpresas no catálogo de originais da Netflix.
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