O ano de 2018 começou com o pé direito para todos que apreciam passar horas em frente à TV, ou ao computador, maratonando séries. Obrigada por isso, Netflix. Além de retornar com novas temporadas de Lovesick, The Crown e Black Mirror, também estreou uma nova produção original, The End of the F**king World, espécie de drama adolescente com toques de humor.
Estrelado por Jessica Barden (The Lobster) e Alex Lawther (Black Mirror), a história lembra Cidades de Papel com um toque de humor negro, ainda que romantizado. James é um adolescente de 17 anos que acredita ser um psicopata e, tendo consciência disso, decide planejar o assassinato de sua próxima vítima, Alyssa, uma garota bastante problemática de sua escola. Sua ideia é fingir que está apaixonado por ela justamente para facilitar o processo.
A intenção da série, acredito, era desenvolver a personalidade das personagens ao mesmo tempo que cativava o espectador por meio do romance entre os protagonistas. Mas, na prática, consegue muito pouco disso. Com 8 episódios que duram, em média, 20 minutos cada, The End of the F**king World tem vários acertos, mas seus erros acabam tendo um peso muito maior. Por conta disto, listamos 3 defeitos e 1 qualidade para ajudá-lo a decidir se vale ou não assisti-la.
Importante: para os curiosos que assistiram ao trailer e pensaram "vou dar uma chance, quem sabe ver o primeiro episódio", fiquem sabendo que o primeiro episódio e o trailer da série são absolutamente iguais. Em 18 minutos, o episódio piloto, se assim posso chamar, não acrescenta nada (nada mesmo) ao trailer.
1. Número de palavrões
Quando penso numa série britânica, de adolescentes, a primeira grande referência que me vem à cabeça é Skins, de 2007. E assistindo The End of the F**kng World, não pude deixar de notar uma semelhança. Porém, uma semelhança não muito positiva.
O primeiro episódio possui apenas 18 minutos e as personagens falam um total de 18 palavrões. Matemática básica: equivalente a um palavrão por minuto. Não estou dizendo que é um recurso negativo. Skins está aí para nos provar o contrário: mesmo com inúmeros palavrões, em momento algum percebe-se um tom forçado. Já na série da Netflix é tão pouco natural, e desnecessário, que chega a incomodar.
2. Romantização de uma questão psíquica
Entendo que a série trata sobre um adolescente que acredita ser um psicopata e, portanto, não sente remorso algum em matar. Tenho plena consciência também que Alyssa apresenta algum tipo de questão psicológica, ainda que seja mascarada por sua atitude tipicamente adolescente. Mas a série romantiza esse tipo de coisa à um ponto quase inaceitável.
A ambientação, a trilha sonora, o romance: todos esses elementos contribuem para que pareça simples, e convidativo, enxergar com humor tais questões psicológicas. Mas não. São assuntos extremamente delicados que, quando ilustrados numa série de grandes proporções, por exemplo, precisam assumir uma certa responsabilidade, justamente para evitar sua banalização.
3. Falhas no roteiro
Quando falo que essa nova série me lembra Cidades de Papel, refiro-me àquela rebeldia em que os jovens saem de casa com um objetivo nem sempre tão claro, claramente impulsivos. Talvez por ser um filme, a história de John Green tenha ficado um pouco melhor explicada. Em The End of the F**king World tudo parece muito simples: James rouba o carro de seu pai e sai com Alyssa pela estrada sem rumo. Eles não tem problema algum quanto a isso. Bem realista.
Mais do que isso, também roubam e invadem casas com a mesma facilidade que atender o telefone, por exemplo. Alyssa sugere que eles procurem disfarces. Pronto. Em apenas um corte, eles já estão com roupas diferentes, cabelos diferentes, tudo o que precisavam. Como? Provavelmente nem o roteirista sabe.
Ponto positivo: Trilha Sonora
Para os que não se interessaram pela série, mas tem um mínimo gosto pela música, escutem a trilha sonora. Apesar de todos os defeitos, devo admitir que possui uma das melhores seleções musicais que escutei nos últimos tempos.
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