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Foto do escritorMatheus Mans

Susanna Lira fala sobre Mussum, seu biografado em novo filme


Mussum morreu há 25 anos, mas ainda está vivo. Sambista e humorista, ele conseguiu unir essas duas habilidades em uma carreira coesa, cheia de momentos marcantes, e que conquistou o Brasil -- e ainda conquista. Afinal, ele conseguiu marcar época por seu humor particular, as brincadeiras fônicas (cacildis!) e, claro, pela força de sua irreverência mesmo tem temas sérios, como o uso do negro como piada em esquetes.

"É, de fato, um personagem muito complexo", diz a diretora Susanna Lira, responsável pelo longa-metragem Mussum, Um Filme do Cacildis, que chegou na programação do Projeta às Sete, da rede Cinemark, na última quinta-feira, 4. "Precisávamos trazer todas essas diferentes visões do Mussum, do artista e do homem, para compreendê-lo totalmente."

Abaixo, confira o bate-papo completo da diretora com o Esquina sobre o filme, Mussum e novos projetos:

Esquina da Cultura: De onde surgiu essa ideia de falar sobre o Mussum?

Susanna Lira: A ideia surgiu há quatro anos, quando uma amiga minha veio falar comigo sobre essa ideia. E, na verdade, meu primeiro filme foi sobre um humorista, o Zé Bonitinho. Depois, passei muito tempo fazendo filmes com temáticas mais sérias. Mas quando ela falou disso comigo, lembrei da minha infância e como Os Trapalhões ajudou a me formar como pessoa e até como cineasta. Então acho que a ideia surge de tentar fazer um reencontro com essa pessoa, com esse personagem e com esse ídolo.

Esquina: Quais foram as principais dificuldades que você encontrou no meio do caminho? Achar os arquivos e negociar os direitos ou as entrevistas?

Susanna: As maiores dificuldades sempre são na recuperação de arquivo, de direitos. Temos uma questão muito séria no Brasil de arquivos que não foram conservados ou que se perderam. Dos quatro anos que demorei para fazer esse filme, três foram para recuperar material de arquivo e conseguir os direitos. Negociar direitos de entrevistas e de músicas também foi bem complexo. Mas é um filme de arquivo. Foi o que mais levou tempo.

Esquina: Durante o filme, principalmente no momento das entrevistas, você usa um visual diferente, estilizado. Como foi para compôr isso?

Susanna: A gente queria alcançar o público que o Mussum tem hoje. Essas pessoas que veem ele através do YouTube, dos memes. A gente queria essa linguagem, muito inspirado em Ilha das Flores, do Furtado, bem mais irônica. A gente queria fazer algo que o Mussum faria.

Esquina: Mussum é um personagem muito complexo. Acha que o documentário dá conta de tudo? Como retratar alguém assim?

Susanna: É um personagem muito complexo mesmo. O Mussum personagem e o Mussum do dia a dia eram pessoas bem diferentes. Acho que o filme consegue trazer isso tudo. Era um pai preocupado, presente, preocupado com a educação dos filhos. O filme dá conta disso. A gente revela Antônio Carlos Bernardes para além de Mussum. Era um homem negro que lutava pelos filhos, muito disciplinado. É importante.

Esquina: Depois do filme, prefere o Mussum sambista, humorista ou pessoa? Ou não dá pra separar as facetas dele?

Susanna: Eu gosto do artista Mussum, do samba e do humor. O lado humano é um afeto à parte, que causou bastante admiração, e espero que as pessoas consigam admirar esse homem por trás do personagem. Mas eu prefiro como artista. É o homem público, pra mim, que fica.

Esquina: Qual sua expectativa com o filme? Já tem algum novo projeto engatilhado?

Susanna: A minha expectativa é a melhor possível. Espero que o público entenda o que a gente quis contar, entenda a linguagem. E agora, estamos fazendo uma biografia pelo Casagrande. Estamos na produção.

 

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