A Vitrine Filmes e a Petrobrás anunciaram novidades sobre a Sessão Vitrine e entregaram alguns números à imprensa em coletiva realizada na última terça-feira, 10, em São Paulo. O que mais chamou a atenção, porém, foi o alcance do projeto: com um filme por mês, já tem uma média de 6,5 mil espectadores por longa-metragem e 100 mil espectadores nos 17 filmes lançados -- como Divinas Divas, com 21 mil ingressos vendidos; Duas Irenes com 3,6 mil; e Corpo Elétrico com 5,5 mil.
"O projeto tem a preocupação de abraçar produções que trazem diversidade: filmes de diversos gêneros, coproduções internacionais, obras com protagonistas negros, com mulheres diretoras, e produções de jovens e renomados talentos", disse Talita Arruda, curadora da Sessão Vitrine Petrobras, durante a coletiva. "Também estamos vendo a entrada de novas cidades no projeto, como Manaus e Vitória. Agora, já estamos em 24 cidades."
Este crescimento da Vitrine vai no sentido contrário de uma redução que o mercado audiovisual brasileiro apresentou em 2017. De acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema), o público total em filmes brasileiros ao longo do último ano foi de 17,4 milhões de pessoas, enquanto em 2016 o número total foi de 30,4 milhões -- com isso, os filmes nacionais abocanharam apenas 9,6% da participação de público, deixando as produções estrangeiras com 90,4%.
O alcance da Sessão Vitrine foi amplamente comemorado pelos cineastas que compunham a mesa de entrevistas. A produtora Sara Silveira, do ótimo Pela Janela, foi a que mais deixou clara sua alegria por ter visto seu filme integrar a Vitrine. "Produtores de filmes mais reflexivos, agora, possuem espaço nas salas de cinema", disse. "Antes, se nossas produções chegavam a 3 mil ingressos vendidos, a gente comemorava como se tivéssemos ganho o Oscar. Afinal, fazemos filmes que se perdem no mar de lançamentos. Nós precisávamos de um lugar ao Sol."
"Eu fiquei muito feliz quando meu filme foi escolhido pelo projeto", conta Felipe Hirsch, que acaba de ter seu longa-metragem Severina lançado pela distribuidora. "Desde o começo, a Vitrine teve bons cineastas como Kleber Mendonça Filho [de Aquarius] e Gabriel Mascaro [de Boi Neon]. A Sessão Vitrine é uma tábua de salvação. Sem dúvidas, é um projeto histórico".
Parceria. A Vitrine firmou a parceria com a Petrobrás há dois anos, criando o selo Sessão Vitrine -- que abarca todos esses números acima. "Reconhecemos nesta ação uma forma concreta de contribuir com a democratização do acesso do público às obras, possibilitando que as plateias descubram novos realizadores e permitindo que o público amplie seu interesse pelo cinema brasileiro", afirmou Carolina Cruz, da Gerência de Atendimento Regional da Petrobras.
No entanto, o projeto não tem garantias muito longas. O contrato de parceria com o órgão público vai apenas até o final deste ano. Depois, como é de praxe, precisará ser renovado por mais um período. Sara Silveira recebeu a notícia com surpresa na mesa. "Quer dizer que só temas garantido até esse ano?", exclamou a produtora. "Precisamos renovar por mais tempo. Não podemos correr o risco, agora, de ficar sem a Sessão Vitrine. É um projeto muito importante pro cinema nacional e que não pode deixar de existir num curto espaço de tempo."
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