Desde 1897, quando o irlandês Bram Stoker lançou ao mundo o livro Drácula, a figura do vampiro ganhou diferentes formas e roupagens. Foi infantil (Hotel Transilvânia), adolescente brilhante (Crepúsculo), satirizado (O Que Fazemos nas Sombras, Sombras da Noite), romantizado (Entrevista com Vampiro) e demoníaco (Drácula de Bram Stoker). E é nesta última figura que aposta a série The Passage, drama pós-apocalíptico que chega no canal pago FOX Channel nesta segunda-feira, dia 1º de abril, sempre às 22h30.
Baseada em uma trilogia de livros escrita por Justin Cronin, a série acompanha um agente do FBI (Mark-Paul Gosselaar) com a missão de resgatar uma menina (Saniyya Sidney) e levá-la para um laboratório seguro enquanto o mundo enfrenta uma epidemia mortal, transformando as pessoas em vampiros. No entanto, os cientistas desse laboratório não estão com boas intenções. A ideia é fazer com que menina seja testada num experimento que pode salvar o mundo da infecção, mas transformá-la em vampiro.
No primeiro episódio da trama, que o Esquina pode assistir com antecedência, destaca-se a originalidade que a produção lida com os vampiros. Ainda que a criatura seja retratada de forma maligna, no limite com zumbis, é interessante a forma que a série achou para incluir a criatura no mundo pós-apocalíptico. Além disso, não é uma história banal sobre colapso da humanidade. Aqui, a criadora Liz Heldens colocou a linha temporal um pouco mais a frente, com a humanidade encontrando possíveis soluções.
O visual dos vampiros também é interessante. Como já dito, ele transita entre o vampiresco -- branco, veias saltadas, olhos intensos, caninos afiados -- com o de zumbis. Num primeiro momento, o excesso de efeitos em cima dos personagens até atrapalha um pouco, mas acaba acostumando. Algumas cenas com as criaturas assustam de verdade, principalmente quando fazem parte de sonhos. Uma em específico, envolvendo o ator Jamie McShane (Argo) chega a dar arrepios.
Mas The Passage não é uma série que deve agradar a todos, por mais que ela se transforme ao longo de seus dez episódios. O tom é abertamente farsesco, pendendo pro drama exagerado e overacting dos atores em vários momentos -- principalmente do fraco ator Mark-Paul Gosselaar (Franklin & Bash), que se sai bem na ação, mas fica muito atrás no drama. Muitas situações também não são bem amarradas, mostrando as fragilidades do roteiro. É, em suma, uma série para divertir e passar o tempo. E só.
The Passage, assim, deve agradar os fãs de Lost, Manifest e até a recente Whiskey Cavalier. É produção sem muito comprometimento que serve para entreter. Se esperar muito ou procurar defeitos, o resultado não vai ser bom. Mas a criatividade da ideia, o visual dos monstros e o gancho dos episódios podem fazer com que a produção seja bem-vinda no final da noite, para uma rápida distração. É o fim do mundo divertido.
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