Quer ser um detento nas piores prisões do mundo sem sair do conforto do seu sofá? Sim, dá pra fazer pela Netflix. É só assistir a série britânica Inside the World's Toughest Prisions, apresentada pelo jornalista investigativo irlandês Paul Connolly. Em quatro capítulos de 45 minutos cada um, a produção é um relato real da vida carcerária e vale a pena por seu cuidado narrativo — e, afinal, o jornalista já fez a parte mais difícil em visitar esses lugares, agora cabe a nós prestigiar todo o seu trabalho
A primeira temporada foi qualificada com apenas 1 estrela e não é destaque para assinantes no geral. É preciso dar uma vasculhada para achá-la perdida entre tantos blockbusters, mas vale a pena a procura.
Logo no primeiro episódio, Paul Connolly passa uma semana no complexo penitenciário Danli, em Honduras, sem qualquer tipo de benefício. Ali, ele fica em meio a 700 internos — onde deveria ter 240. Além disso, o controle do lugar está nas mãos dos criminosos e a polícia não possui qualquer tipo de poder. Nesse capítulo, o jornalista anda ao lado de assassinos, estupradores e traficantes. Ainda presencia o preparo de refeições, que de tão escassa é complementada com um rato morto.
Na seqüência, a coisa melhora um pouco no quesito de superlotação e higiene, mas não na dureza do local. É a vez da prisão de segurança máxima de Piotrkow, na Polônia. Mais uma vez, Connolly não tem regalias, tendo que se despir em frente aos guardas — e até mesmo da câmera da série. Ele ainda vivencia treinamento truculento de agentes de segurança contratados para tomar conta da pior gangue polonesa, a Grypsers. Destaque para a frieza no olhar de um assassino confesso ao ser entrevistado.
O terceiro episódio mostra El Hongo, construída no meio do deserto de Baja no México. Um lugar quente durante o dia e muito frio à noite e que abriga diversos traficantes transferidos de Tijuana, uma das cidades mais violentas do mundo.
Para finalizar, a série ainda mostra a rotina de duas prisões nas Filipinas. Essas requerem toda a coragem do apresentador, pois são superlotadas, inóspitas e cheias de doenças. São mais de mil
presos amontoados em um espaço minúsculo, onde muitos nem foram julgados. Paul chega a questionar como tudo aquilo é possível pela falta dos direitos humanos — mas é tudo em vão.
De modo geral, a série é atraente e prestativa em seu conteúdo e produção. E ainda faz qualquer um pensar duas vezes antes de cometer um crime. Afinal, ser mandado para um lugar desses é fora de cogitação.
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