Em determinado momento da coletiva de imprensa da série Rotas do Ódio, concedida na manhã da última terça-feira, 13, a diversidade da produção era refletida nos atores que ali estavam. Mulheres e homens. Héteros e homossexuais. Cisgêneros e transgêneros. Brancos e negros. Todas as “minorias” estão representadas na primeira temporada da nova série de cinco episódios do canal pago Universal Channel, que chega às telas na noite do próximo domingo, 18.
“Comecei a fazer a pesquisa para um documentário que acompanha o cotidiano de uma delegacia de crimes de intolerância em São Paulo”, diz a diretora e criadora Susanna Lira, que também é responsável pelos ótimos Clara Estrela e Damas do Samba. “No entanto, eu logo vi que aquele material era para ficção, não para documentário. Muitas pessoas não se sentiam confortáveis para dar depoimentos e, assim, percebi que essas histórias renderiam uma série”.
E assim nasceu o embrião de Rota do Ódio. Dirigida por Lira, a produção acompanha o dia a dia de uma delegacia, em São Paulo, que trata de crimes contra estrangeiros, gays, trans e todas as outras classes chamadas de “minorias”. No primeiro episódio, que também foi exibido no encontra para a imprensa, vemos a delegada Carolina (Mayana Neiva) tentando enfrentar um grupo de skinheads que causa tumulto na cidade e entra na mira da polícia e da delegada.
No meio da série, que há claras inspirações em Law & Order, ainda há debates sobre as minorias -- são minorias mesmo? ou será que é a maioria sem voz? -- e ainda abre um leve espaço para o humor. Tudo sem perder o foco de discutir o cotidiano da delegacia e dos crimes na cidade.
“Essa série é de uma coragem absurda”, afirmou a protagonista Mayana Neiva, durante a coletiva, quando questionada sobre o convite para ingressar na produção. “A Susanna fez uma coisa muito difícil ao misturar casos reais, ou muito próximos da realidade, da ficção que estamos contando. E o importante é que essa série faz o que a arte sempre precisou e deve fazer: abrir a cabeça das pessoas a compreender como é a vida nas periferias e das minorias”.
Ficção e realidade. Um dos principais atrativos da produção é, como Mayana disse, a boa mistura entre realidade e ficção. A mais interessante é a participação da transexual Renata Peron. Há onze anos, foi atacada por nove homens na Praça da República, em São Paulo. Como consequência da agressão, Renata perdeu um dos rins. “Essa série me emociona muito pois o mercado precisa dar trabalho para transgêneros”, disse. “Susanna é de uma grande coragem”
Outra interessante participação é a de Michel Joelsas (de Que Horas Ela Volta? e O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias), que é judeu e aceitou participar da série como um skinhead -- o personagem dele, aliás, faz uma boa intersecção com a história de Renata. “Aprendi muito sobre o que eu iria interpretar”, afirmou Joelsas. “Acho isso importante, para que as pessoas entendam o que está sendo passado na tela. Ainda mais numa produção como essa.”
A série vai ao ar no Universal Channel a partir de domingo, 18, às 23h, durante cinco finais de semana. A segunda temporada já está pronta, com estreia prevista pra setembro, e a terceira está em produção.
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