São vários os livros que estão surgindo nas prateleiras de livrarias e bibliotecas para discutir o fascismo -- seja do passado ou este, novo e perigoso, que se fantasia de populismo. Agora, chega ao mercado um dos mais interessantes, urgentes e necessários dessa leva: Uma Breve História das Mentiras Fascistas, importante ensaio do historiador Federico Finchelstein.
Aqui, ao longo de cerca de 150 páginas, excluindo as referência, o autor se aprofunda em características do fascismo do passado para entender esse perigoso movimento de hoje em dia, encabeçado por Donald Trump, Jair Bolsonaro e outros nomes tão podres quanto. Afinal, como ele próprio diz no começo, é olhando para a nossa História que entendemos presente e futuro.
No caso específico deste livro de Finchelstein, como o próprio título diz, a análise se concentra na cultura das mentiras fascistas. O autor, com fatos históricos bem documentados, mostra como ditaduras como as da Itália e Alemanha, além de movimentos fascistas na Argentina e no Brasil, se valeram da distorção da realidade pra expandir seus poderes e controle da população.
É um material muito rico, principalmente pelo motivo de Finchelstein não se ater apenas ao passado. Ele também não joga a interpretação desse passado no colo do espectador e vai embora. Nessas mesmas 150 páginas, o historiador faz paralelos claros, e extremamente pertinentes, entre essa História que maculou o mundo com os mesmos passos que seguimos.
Uma pena que o autor, em alguns capítulos, acabe se repetindo ou se perdendo um pouco -- principalmente ali pela metade final, como o capítulo Fascismo contra a Psicanálise ou, ainda, O Inconsciente Fascista. Não são realmente cansativos, já que Finchelstein tem qualidade na escrita e não cansa. No entanto, sem dúvidas, são reflexões que caberiam em outros capítulos.
Enfim: Uma Breve História das Mentiras Fascistas é mais um daqueles livros importantes sobre o fascismo, ao lado de Fascismo Eterno, de Umberto Eco, e Fascismo à Brasileira, de Pedro Dória. A sensação é de que o mundo está retrocedendo, de que estamos entrando em um buraco histórico sem fundo. Ler um livro assim, tão importante sobre História, é importante. É urgente.
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