Estamos em tempos bicudos. Por conta da pandemia do novo coronavírus, estamos trancados em casa há mais de um ano -- pelo menos, quem tem consciência e se preocupa com o próximo. Por isso foi tão interessante a experiência de leitura de Traços Crônicos, livro do designer e escritor Luiz Renato Roble, que ganhou vida pelas mãos sempre caprichosas da Editora InVerso.
Ao longo de cerca de 160 páginas, Traços Crônicos é um conjunto de breves crônicas. No entanto, ainda que fale de alguns tipos humanos, o filme foca no cotidiano, nos arredores, nas paisagens urbanas. Por meio da escrita leve e delicada de Roble, que coloca poesia na fotografia urbana de suas linhas, passeamos por Curitiba, pelo Paraná, pelo Brasil. É uma viagem.
Alguns, quase como observadores distantes, trazem histórias sobre personagens que cruzam os nossos caminhos (Como a Bolsa de Tina, Paulo, meu Irmão); experiências de vida (Fernando Carneiro, O Grupo Escolar); observações históricas (Evita, Pandemia). No total, com isso, observamos o mundo pelos olhos de Luiz Renato Roble, mas sempre com uma poesia poderosa.
Desenhos do próprio autor, que vão pontuando a narrativa, ajuda a dar mais sabor nessa história que, apesar de ser constituída por vários contos, tem uma unidade literária interessante.
Alguns contos acabam escapando da lógica ou até trazendo pouca força dentro do que está sendo proposto dentro da lógica narrativa Traços Crônicos. No entanto, isso não atrapalha o andamento da experiência. No meio do caos da pandemia, o livro surge como uma brisa suave que nos coloca em marcha, para outros lugares, viajando diretamente pelas palavras de Luiz.
E tem coisa mais mágica do que a literatura que nos faz viajar, viver outras vidas, ver o cotidiano com outros olhares? É uma experiência única que Traços Crônicos nos proporciona.
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