O colombiano Gabriel García Márquez era um escritor fora do comum. Com livros como Cem Anos de Solidão e O General em Seu Labirinto, Gabo criou um universo próprio e extremamente potente, deixando um marco na literatura latino-americana. Por isso, é natural que uma biografia sobre García Márquez siga esses passos e também não recaia em algo óbvio, banal.
E é exatamente isso que faz a interessante Solidão e Companhia, de Silvana Paternostro. Editada no Brasil pela Planeta de Livros, sob o selo Crítica, a obra se vale de depoimentos de amigos e familiares. Ao longo de mais de três dezenas de capítulos, Paternostro guia o leitor por uma série de assuntos que dizem respeito ao escritor: a criação pelos avós, a fama, as inspirações...
A partir daí, dentro de cada capítulo, a autora de Solidão e Companhia junta as observações, histórias e relatos desses amigos e familiares como uma única conversa. Assim, ao invés de seguir a estrutura de uma biografia com começo, meio e fim bem definidos na vida de Gabo, o leitor é convidado a transitar entre histórias, causos, piadas, lembranças... Enfim, entre Gabo.
Isso, de certa forma, acaba criando uma dinâmica totalmente diferente do que estamos acostumados quando falamos de biografias de grandes nomes da História -- e aqui, vale até lembrar nossa recente lista sobre biografias indispensáveis. Além disso, há mais intimidade na forma de mergulhar na história de Gabo, assim como particularidades inéditas por aqui.
No entanto, uma pena, nem tudo são flores. Essa narrativa de Solidão e Companhia acaba causando mais cansaço do que uma biografia convencional, com textos, parágrafos e a voz do biógrafo impressa ali. Afinal, essas intermináveis trocas entre amigos e familiares altera a dinâmica logo no começo para, logo em seguida, se tornar refém de suas próprias ideias.
Isso não faz com que o livro seja ruim. Pelo contrário! Há muita informação boa compartilhada por essas pessoas tão próximas de Gabo. O leitor se sente parte de um nível de intimidade interessante. Mas, talvez, fosse mais interessante de Paternostro tivesse alternado o estilo de contar a história de Gabo, mesclando formatos. Solidão e Companhia inovou. Mas não foi além.
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