Faz tempo que o Instagram, comprado por Mark Zuckerberg já há alguns anos, deixou de ser apenas uma "rede social de fotos". Se tornou uma máquina social, um motor de tendências. São nas publicações desse ambiente virtual que entendemos novas modas, novos comportamentos, novos sucessos instantâneos -- e outros nem tanto. Se tornou uma vitrine do mundo moderno.
Por isso, e por tantos outros motivos, que a leitura de Sem Filtro se tornou uma experiência desconcertante. Escrito pela jornalista Sarah Frier e selecionado como uma das melhores leituras por publicações como Fortune, The Economist, Inc. Magazine, Newsweek e Financial Times, o livro é uma biografia. Um mergulho na história da rede social de fotos e vídeos.
Dessa forma, ao longo de quase 400 páginas, entramos nos meandros dessa história -- desde a criação, a ideia do nome, passando pela venda para o Facebook, a saída dos CEOs e por aí vai. É um livro ideal para quem está começando a entrar no mundo da tecnologia e quer saber um pouco mais sobre essas redes que entramos e passamos horas só com alguns toques na tela.
E é desconcertante, empregando novamente o adjetivo usado há pouco, justamente pela forma que o Instagram entrou em nossas vidas. Frier, de maneira consciente e embasada, vai traçando paralelos, falando sobre os efeitos do Instagram -- os influenciadores, como nos tornamos reféns de curtidas e até transformações do espaço em função da rede, como o Beco do Batman.
Frier faz isso, justamente, sem ignorar toda a crítica que envolve essa transformação. Especialista em mídias sociais, ela eleva a qualidade da leitura ao trazer seu olhar sobre o que é o Instagram e, sobretudo, como ele se transformou. A autora instiga, provoca, argumenta. É difícil sair impassível da leitura, sem ser afetado por todas as questões levantadas por ela.
Acaba, assim, sendo um livro bem mais provocativo do que A Loja de Tudo (sobre a Amazon), por exemplo. Se aproxima mais de Steve Jobs que, apesar de ser sobre uma pessoa e não sobre uma empresa, não tem amarras, é completo e ainda proporciona um mergulho crítico. Algo cada vez mais urgente e necessário em tempos que usamos as redes sociais quase sem reflexão.
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