Ken Follett é um mestre em misturar História e ficção. Em Queda de Gigantes, o escritor está em seu ápice neste subgênero. E faz com que a obra se transforme num exemplo de como se contar a História de uma maneira que prende o leitor de forma intensa, fazendo com que se torne impossível a tarefa de desgrudar da obra por um só instante.
Queda de Gigantes, primeiro volume de uma trilogia, acompanha a vida de cinco famílias distintas na 1ª Guerra Mundial e a Revolução Russa. Apesar de contar com apenas cinco famílias, os personagens são diversos e pertencentes às mais diversas classes e realidades sociais. Desde um jovem minerador galês até um importante assessor da Casa Branca. Todos são ligados pelos acontecimentos de importância mundial descritos.
A história toda é muito bem construída. Os personagens possuem uma intensidade psicológica intensa e todos os acontecimentos pessoais são tão interessantes quanta a trama histórica que vai se desenrolando como plano de fundo. Ao final, as 900 páginas, que pareciam algo extremamente extenso, mostram-se poucas para tamanha dimensão criada por Follett. As problemáticas pessoais se misturam com os problemas históricos que afligem o mundo e deixam a história com um ritmo interessante, romanceado.
O que deixa a leitura ainda mais interessante é a presença muito bem pensada de personagens reais. Churchill, Woodrow Wilson, Rei Jorge V. Todos são muito bem posicionados durante a narrativa, deixando a história dos personagens criados por Follett ainda mais próxima da realidade. Ao final da obra, o escritor ainda dá uma explicação que mostra o quão bem pensada foi a colocação de tais personagens: “Minha regra é: ou a cena de fato aconteceu [com o personagem histórico], ou poderia ter acontecido; ou as palavras foram de fato usadas, ou poderiam ter sido”.
A utilização tão bem pensada dos personagens reais faz com que uma coisa seja certa, sem nem mesmo ler o livro: a pesquisa de Follett foi profunda e intensa. A riqueza de detalhes é impressionante. Durante a leitura, cenas de guerra e da Revolução eram como a pintura de um quadro, que se desenhava perfeitamente pelas páginas do livro.
O enredo também foi muito bem pensado. Vamos entendendo os costumes e as dificuldades da época através de acontecimentos na vida dos personagens, aos poucos. As coisas não são escancaradas ou jogadas na cara do leitor, como um livro de história. Nem uma ficção detalhada demais. É tudo muito bem dito, escrito e exemplificado.
Queda de Gigantes é um livro muito bom. Tenho certeza que agradará admiradores de História ou de romances em geral. Afinal, Follett mescla as duas formas de escrita tão bem que terminamos a leitura sem saber ao certo qual o gênero que a obra se encaixa.
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