Confesso que, com apenas 20 páginas lidas, O Paciente já tinha me fisgado. Escrito por Jasper DeWitt, conhecido por suas histórias de terror no Reddit, o livro conta a história tensa de um jovem psiquiatra que vai trabalhar em uma clínica. Lá, porém, ele encontra sua maior obsessão: um paciente que é considerado perigoso pelos outros médicos. Ninguém pode chegar perto.
É aí que começa a tensão da obra. O jovem Parker H., ansioso para mostrar serviço, quer assumir o tal paciente perigoso. Assim, primeiramente, empreende uma pesquisa para entender o que há de errado. Alguns relatos apontam sadismo puro, outros que o tal paciente é violento. É um psicopata? O que, exatamente, o que está acontecendo com esse homem, internado há anos?
Premissa que lembra os melhores thrillers médicos de Robin Cook e Tess Gerritsen, O Paciente acerta logo de cara ao sugerir essa polarização entre psicopata e homem vitimado pelo sistema. A escrita de DeWitt, que simula um diária, ajuda a fazer com que o leitor tome partido -- obviamente, do lado do médico, que mostra ser uma alma "pura" querendo ajuda o próximo.
O desenrolar também traz elementos curiosos, que até chegam a remeter ao excelente filme Maligno, de 2021. Tudo fruto dessa escrita saborosa e envolvente. No entanto, ninguém está preparado para a grande bobagem que é a conclusão do livro. Ainda que Jasper DeWitt mostre um estilo e tenha consciência do que está contando, o final abraça o absurdo, o insano, o tosco.
O grande problema é que isso apenas empobrece a história, sem valorizá-la como deveria. Há certa criatividade, mas não faz jus ao que tinha sido contado até então. Será que não poderia ter seguido para um terror mais humano, calcado em algo que realmente poderíamos encontrar virando a esquina? O fato é que O Paciente perde sua força e sua história no ato de conclusão.
Não é um livro ruim, prendendo a atenção do leitor com o mistério que vai tomando as páginas. Só termina mal, muito mal, para uma história com potencial de ser marcante. O estilo do autor está ali, assim como sua criatividade. Só faltou construir uma leitura que fizesse mais sentido ou que não quebrasse tanto o ritmo e o sentido com sua conclusão. Pena. Tinha potencial de sobra.
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