Precisamos falar de depressão entre os jovens. E de maneira responsável. Afinal, a taxa de suicídio cresceu exponencialmente ao longo dos últimos entre pessoas a partir de 12 anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. No entanto, não dá para ser leviano e falar disso sem cuidado e respeito -- algo que não aconteceu em 13 Reasons Why, por exemplo.
Por isso, é importante destacar a importância da discussão que o livro juvenil Mil Pássaros de Papel, da Editora do Brasil, traz à tona. Escrito por Severino Rodrigues e ilustrado por Laerte Silvino, a obra acompanha a jornada do adolescente Makoto, um rapaz que acaba de perde o seu avô e não sabe como seguir a vida. Mesmo com coisas boas acontecendo, ele não vê alegria.
Assim, ao longo de 120 páginas e com muitas experimentações, Mil Pássaros de Papel mostra como a depressão pode ser confundida com outras coisas banais e passar desapercebida pelos mais próximos -- amigos, namorados, namoradas, pais, avós. Aos poucos, e com delicadeza, Severino vai mostrando como a depressão está escondida, no dia a dia, nas pequenas coisas.
Além dessa abordagem, outra coisa que destaca em Mil Pássaros de Papel é a facilidade do autor em diversificar a narrativa. Não há apenas diálogos e exposições tradicionais. Há, aqui, trechos de poemas, troca de mensagens e até mesmo a transcrição de um vídeo no YouTube. É um livro que expande a experiência e, realmente, se aproxima da realidade de quem fala.
Vale ressaltar, também, que o livro traz alguns aspectos interessantes sobre a cultura japonesa e como isso influencia a vida desses jovens. Felizmente, há influência dentro da trama.
Uma pena, porém, que algumas passagens sejam facilitadas e resolvidas de maneira simplória. Uma conversa entre Makoto e a mãe, por exemplo, deveria ser mais profunda, mais explicada. Mas o livro passa batido. Entreveros na conclusão da história também não são bem explicadas, nem quando exige-se um tempo maior de atenção na tela. Acaba decepcionando nesse ponto.
Mas, ainda assim, Mil Pássaros de Papel é uma leitura totalmente antenada com a realidade, com a modernidade e com os dilemas que os adolescentes enfrentam ainda hoje. Sem dúvidas, traz material o suficiente para refletir, pensar e compreender o papel da saúde mental hoje em dia. Ainda mais para jovens, o público-alvo. Precisam entender que depressão não é brincadeira.
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