O filósofo Michel Foucault é uma das maiores mentes pensantes da humanidade. E digo "é", no presente, com consciência de que o francês morreu precocemente em 1984. Afinal, ele é daqueles raros casos de pensadores em que as ideias se perpetuam através dos tempos sem nunca envelhecerem. O que ele disse no século passado continua válido, importante, necessário.
É o caso da quadrilogia de livros História da Sexualidade, em que Foucault se debruça sobre o desenvolvimento da sexualidade na humanidade através dos tempos. Analisa, nesses quatro livros, aspectos cuidados, desejos e, é claro, prazeres. Neste último caso, o tema é extensivamente abordado no excepcional O Uso dos Prazeres, segundo livro dessa quadrilogia.
Ao longo de 320 páginas, que estão recheadas de referências e notas, Foucault fala sobre a sexualidade sob o prisma do prazer ao longo das histórias. Entender, assim, de onde vem o prazer, quais povos entender primeiro o que era isso e, principalmente, como o prazer evoluiu ao longo dos séculos, ganhando diversas formas e, principalmente, diferentes interpretações.
Foucault, como o grande pensador que era, não se deixa levar por preconceitos. Nesse livro, o filósofo busca as raízes para entender e ser compreendido. Fala sobre a problematização dos prazeres, logo de cara, no primeiro capítulo, com domínio sobre o tema. Depois, ainda encontra espaço para falar sobre erotismo, casamento e até mesmo economia, sempre fazendo sentido.
É um livro que, consciente da importância de seu tema, sabe como abordar os pontos mais sensíveis e ir além. Não fica parado em obviedades, nem encontra barreiras para explicações. Tudo aqui pode ser compreendido e, acima de tudo, refletido. Afinal, como um bom filósofo, Foucault levanta uma série de discussões, jogando-a no colo do leitor. É, enfim, uma troca.
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