O escritor Fabrício Carpinejar é um das vozes mais proeminentes quando falamos sobre emoções, comportamento e relacionamentos na literatura. Autor de livros como Cuide dos Pais Antes que Seja Tarde e Para Onde Vai o Amor?, ele entendeu e compreendeu a melhor maneira de romper barreiras emocionais e, com as palavras, falar de assuntos fortes e pertinentes.
Agora, em Colo, por favor!, Carpinejar surfa na explosão de emoções advinda com a quarentena no Brasil. Ao longo de 40 contos, crônicas e textos motivacionais, o escritor gaúcho versa sobre solidão, relacionamentos, conversas, sentimentos. Tudo, de alguma maneira, que reflete direta e indiretamente no dia a dia das pessoas enquanto dura o já interminável isolamento social.
Com seu estilo próprio, que mescla análises comportamentais com frases diretas (e, por vezes, de efeito), Carpinejar vai tecendo essa teia de dicas, conselhos, conversas, reflexões. Muitas vezes ele próprio se põe como objeto de discussão, em outros textos propõe uma troca intensa com o leitor. São sentimentos e reações diversas ao livro, mas que compõem um todo coeso.
Afinal, ao virar a última página do livro, é difícil não olhar para dentro de si e passar a refletir sobre esse período de transformações, isolamentos, mudanças. É interessante como Carpinejar, ainda que às vezes forçando algumas frases e conceitos, tenha essa habilidade de fazer com que o leitor se mexa, pense e não trafegue pela leitura de maneira passiva. É uma troca, aqui.
Enfim. Colo, por favor! é uma boa leitura para momentos de quarentena e, para além disso, para quando nos sentimentos sozinhos, machucados, fragilizados. Por vezes o livro recai em um tipo de autoajuda? Sem dúvidas. E isso deve incomodar muita gente. Mas se você não tem problemas e quer criar trocas e pensar sobre si, esta é uma grande e deliciosa oportunidade.
Não gosto do ""Carpinejar"". Autoajuda travestida de literatura.