Que livro mais delicado é esse Andorinha, escrito por Lucas Buchile e ilustrado por Bianca Lano. Curto, curtíssimo até, a obra é uma exploração de uma poesia do autor sobre a relação do eu-lírico com uma andorinha. Algo aparentemente banal, que inicialmente até mesmo me relembrou a leitura recente de um livro de Rubem Braga. No entanto, por baixo disso, há mais.
Buchile, rapidamente, subverte a lógica da narrativa e fala sobre solidão, medos, angústias. A andorinha, dessa forma, ganha outros tons. Outros significados. A poesia, que inicialmente parecia leve e sutil, se revela de uma delicadeza provocativa, pontuda, afiada. Encontramos, por trás dessa proposta de Buchile, reflexões sobre o que somos, deixamos de ser e ainda seremos.
As ilustrações de Bianca Lana, aquareladas e acompanhando a poesia das palavras de Buchile, ficam em sintonia com a leitura rápida e voraz de Andorinha. Mergulhas na história, nas suas possibilidades, nos seus vazios e nas suas palavras fortes, mas sempre acompanhadas de algum acalanto. É a mistura da aquarela colorida e vívida com o vazio de cor dos personagens.
É, enfim, um livro rápido para leitura — em menos de 10 minutos, pode ser lido e relido. No entanto, fica com você. Permanece. A mensagem que Lucas Buchile passa faz sentido, é viva e necessária, ainda mais em tempos de pandemia, quarentena e solidão. Andorinha é daqueles livros que você precisa ler, mesmo que não saiba disso. Vai fazer a diferença no final do dia.
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