Que surpresa agradável é o livro Amores Internacionais, escrito pela jornalista Liliana Tinoco Bäckert. Editado pela InVerso, a obra já traz no subtítulo uma ideia do que vai apresentar ao longo de suas 450 páginas: o casamento com estrangeiros. Liliana, já conta ela na orelha de seu livro, é casada com um marido alemão e mora na Suíça. Será um diário de sua vida, talvez?
Que nada. Logo de cara, já chegou a surpresa. Ao invés de fazer um livro apenas falando sobre a sua experiência pessoal, a autora decidiu entrevistar 30 mulheres casadas com estrangeiros, além de três brasileiros casados com estrangeiras. Dessa forma, ao invés de ser apenas um diário de suas experiências, Liliana acertou em cheio ao trazer um verdadeiro estudo sobre isso.
Nessas 450 páginas, viajamos por histórias, países e culturas com um olhar atento da autora. Ela não fala apenas da adaptação da vida de cada uma das partes, mas sim de uma análise do todo. Aborda temas como amor que nasce (e perdura!) na internet, idiomas usados no relacionamento, o sexo sob a ótica cultural de cada lado do casal, formas de expressar o amor...
O melhor é que Liliana, como jornalista que é, também traz embasamentos aprofundados, indo além do que os casais falaram. Ela usa vários trabalhos acadêmicos como referências, todas citadas ao final de Amores Internacionais. Em alguns capítulos, inclusive, ela traz essa visão dos chamados especialistas para o centro do debate, amplificando ainda mais a discussão.
A única coisa que me deu uma pontada de incômodo, e que acaba reduzindo a nota final para quatro estrelas, está no tamanho dos capítulos -- geralmente com duas ou três páginas. Não que tamanho seja documento na literatura. Pelo contrário. Mas, neste caso, sinto que os capítulos poderiam ser maiores. Com mais fôlego, uma análise mais completa de cada tema proposto.
Da maneira que ficou, parece que a conversa fica picotada. Talvez, se fossem uns dez grandes capítulos, por exemplo, cada um jogando luz em algum tema, Amores Internacionais teria ainda mais força. Mas tudo bem. O livro é uma agradável surpresa no ano. Um trabalho jornalístico interessante e que, além disso, conta com uma narrativa leve, adequada, acessível. Bom livro.
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