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Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: 'Acima de Tudo, Heather' é livro estranho e sem propósito


Que livro mais estranho é esse Acima de Tudo, Heather. Escrita por Matthew Weiner e publicada no Brasil pela Tusquets Editores, da Planeta, a obra se concentra na família Breakstone. Pai e mãe se organizam, e organizam acima de tudo suas rotinas, acerca da filha Heather. Linda, simpática, inteligente. É a filha perfeita, tudo que essa família de classe média pediu a Deus.


As coisas no caminho dos Breakstone mudam, porém, quando Bobby entra em seu caminho. Ele é o completo oposto da garota que dá nome ao livro: é pobre, de família desestruturada, sem futuro. É o pavor do patriarca dos Breakstone, uma ameaça. E é aí que começa o ponto alto dessa obra: o embate entre classes sociais, gerações. De um lado, Breakstone. Do outro, Bobby.


Weiner, que também é o criador da série Mad Men, é preciso na criação desse ambiente pouco acolhedor, de embate. O autor entende e sabe como desenvolver o americano médio, preocupado apenas com o próprio umbigo e evitando qualquer tipo de ameaça social. Acima de Tudo, Heather é, enfim, um livro sobre isso: classes em conflito. Aqui, internalizado, pessoal.


Há naturalidade na forma que esse embate se desenha e, principalmente, na criação dos personagens. Todos eles são críveis e compreensíveis. Mesmo se passando em uma típica família nos Estados Unidos, é simples de ver a mesma situação se repetindo no Brasil. E isso não acontece por algum tipo de escrita genérica de Weiner, mas sim por essa naturalidade.


Só que os pontos positivos param por aí. Em um problema similar ao livro O Paciente, de boa ideia e final desastroso, Acima de Tudo, Heather não acaba bem. Weiner, sem muita explicação, transforma Bobby em um maluco, um psicopata. O pai de Heather, assim, acaba virando um herói que apenas quer proteger a filha. E o leitor, sem entender, vê toda a boa ideia sumir.


Acima de Tudo, Heather acaba em uma contradição. O livro todo constrói um embate para, no final, desconstruir isso -- ainda que a provocação esteja ali, principalmente nas cinco últimas páginas. Erro do autor, que acabou a história precocemente, nas 140 e poucas páginas, ao invés de desenvolvê-la da maneira que deveria. Faltou experiência ao autor na literatura. Uma pena.

 

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