Há pouco tempo, elogiamos a autora paranaense Luciane Monteiro aqui no Esquina por conta do livro Taça Escarlate. É uma coletânea de contos, muito coesa e poderosa, que fala sobre as diversas faces da mulher. Agora, temos a alegria de poder ler Monteiro em outro formato: um romance de ficção. É A Última Tempestade, obra publicada no mercado pela Editora InVerso.
E é interessante como as duas obras travam um diálogo muito particular. Afinal, ao longo de pouco mais de 280 páginas, o livro se debruça sobre a história de Laura Viana -- que poderia ser tema de um dos contos de Taça Escarlate, tranquilamente . Ela é uma mulher machucada pela vida e que, após uma decepção amorosa, decide buscar suas raízes e voltar dos EUA pro Brasil.
No entanto, ao voltar para sua terra natal, algumas surpresas desagradáveis acabam surgindo no seu horizonte e fazendo com que ela volte a olhar de novo para as suas terras americanas.
A partir disso, Monteiro cria uma narrativa que instiga, provoca e, principalmente, provoca desconforto. Afinal, a jornada de Laura Viana é apenas o fio condutor para algo maior dentro do romance: um alerta par as formas que a violência doméstica e psicológica surge, muitas vezes de maneira escondida, em pequenas coisas do dia a dia. Até crescer a algo fora do controle.
No entanto, como já tinha sido indicado em Taça Escarlate, Luciane Monteiro é uma escritora elegante, delicada, sensível. Sua escrita nunca extrapola. Dessa forma, ainda que A Última Tempestade seja um livro com uma mensagem urgente, necessária e desesperadora, nada é feito com escândalo ou sensacionalismo. Tudo é feito com cuidado para evitar gatilhos.
Em resumo, A Última Tempestade é um livro interessante e que coloca mais um degrau de atenção sobre Luciane Monteiro -- que, aliás, nos deu uma entrevista interessantíssima aqui para o Esquina. É um livro antenado com necessidades contemporâneas e que, ainda por cima, deve ajudar seus leitores a identificar violência doméstica. Recomendado para todos públicos.
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