Stefano Mancuso é um botânico italiano, professor do departamento de agricultura, alimentação, meio ambiente e silvicultura na Universidade de Florença, que se tornou uma das maiores referências do mundo quando o assunto é plantas. Não apenas por seu trabalho acadêmico de prestígio, mas também por seus livros, que falam sobre o mundo da botânica de maneira leve, às vezes divertida, e essencialmente didática. É esse o caso do sensacional A Planta do Mundo.
A obra, editada no Brasil pela Ubu, reúne uma série de ensaios, contos e crônicas que fala unicamente sobre as plantas -- no entanto, cada uma à sua maneira. Dentre outras coisas, é a história das árvores da liberdade plantadas na Revolução Francesa, das cidades sem plantas, dos troncos de árvore especiais para fazer violinos Stradivarius, de sementes enviadas à Lua e até mesmo do caso em que um perito botânico ofereceu provas para desvendar um crime.
Ainda que tenha uma certa instabilidade em relação aos textos (o da banana, por exemplo, é muito melhor do que o do violino; o da descoberta dos anéis infinitamente superior das Árvores da Liberdade), é um livro que não cansa. Traz assuntos potentes, boas histórias, elementos importantes sobre o que há de mais interessante na botânica. Vontade de ler mais e mais.
Afinal, ao invés de usar um tom professoral e cansativo, Mancuso sabe que precisa instigar o espectador, pegar a atenção do público desde o primeiro momento. Ele cria histórias saborosas, que deixam qualquer um instigado -- esqueça a aparente (e mentirosa) sensação de que as plantas são sonolentas, paradas, insossas. A Planta do Mundo coloca a botânica em outro patamar e, em apenas 192 páginas, faz com que a gente sai da leitura transformado, mudado.
Com isso, posso dizer com certa tranquilidade: A Planta do Mundo é uma das melhores leituras de 2023. Um livro que fala sobre a delicadeza das plantas e da botânica com a firmeza da literatura, misturando essas duas áreas do conhecimento em uma trama que cativa, inspira e nos faz ver não apenas as plantas de outra forma, mas todo o mundo. Um livro pequeno, fininho, mas que tem potência. Fica a dica: leia outros livros de Stefano Mancuso. Vale a leitura.
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