Primeiramente, A Pequena Caixa de Gwendy é um livro diferente do restante da obra de Stephen King. Afinal, aqui no Brasil, a história chegou em uma edição de capa dura, em tamanho menor do que a Suma de Letras costuma produzir do autor. E, além disso, A Pequena Caixa de Gwendy não é assinado apenas por King. Richard Chizmar, da editora Cemetery Dance, assina junto.
Mas o livro não poderia ser mais Stephen King. Afinal, a obra conta a história da pequena Gwendy que, num belo dia, encontra um estranho no parque. Apesar de um estranhamento inicial, ela acaba aceitando conversar com o estranho. Conversa vai, conversa vem, ele entrega uma caixa com botões para Gwendy. Cada botão causa um efeito num lugar diferente do mundo.
Além disso, a caixa tem duas pequenas alavancas. Uma delas oferece um pequeno chocolate de animal que deixa a menina saciada pelo resto do dia. A outra, enquanto isso, oferece uma rara moeda de prata que vale mais de US$ 600. Do nada, a garotinha que sofria bullying na escola tem o mundo aos seus pés. Pode, agora, ser dona de si própria. E, ainda, superar obstáculos.
A partir disso, Chizmar e King tecem uma trama com um gostinho de conto de fadas. Ainda que não tenha nada a ver, visto que a história possui tons de suspense e até horror, A Pequena Caixa de Gwendy trafega num mundo de fantasia enquanto traz provocações e reflexões sobre a vida em sociedade. É uma mistura juvenil e divertida de Carrie, a Estranha e A Maldição do Cigano.
Uma pena, porém, que persista a sensação de que falta um pedaço da história. Sabe as mitologias tão bem construídas de Stephen King, como vimos em It: A Coisa, Novembro de 63 ou até Sob a Redoma? Isso não existe aqui. É uma história de uma sentada, para se ler em um dia, sem nenhum tipo de grande aprofundamento. A sensação é de que o livro poderia ir muito além.
Mas, no final das contas, A Pequena Caixa de Gwendy é uma boa leitura. Rápida, instigante, gostosa, divertida. É um livro que provoca e instiga, ainda que não dê todas as respostas necessárias. No final das contas, fica uma boa sensação com a leitura, mostrando que King consegue acertar nos mais diversos estilos, formatos e empreitadas. Vale a leitura.
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