Como é bom ler trabalhos apaixonados, e ainda assim pouco enviesados, sobre o cenário e a conjectura política de 2018. Processo eleitoral que elegeu Jair Bolsonaro (sem partido), as eleições de 2018 se tornaram um marco na História do País. Por um lado, as fake news, todas as mentiras que circularam e o WhatsApp. Do outro, a polarização que só crescia e aparecia.
E é de olho nesse cenário cruel e necessário de análise que surge o livro A Eleição Disruptiva, uma publicação do Grupo Editorial Record. Escrita por Maurício Moura e Juliano Corbellini, a obra é precisa ao traçar tudo que influenciou essa corrida à presidência, sem nunca apostar em partidarização -- algo já visto em Diário da Catástrofe Brasileira e Se Quiser Mudar o Mundo.
Se valendo de dados concretos, obtidos com brasileiros antes, durante e depois das eleições, a dupla mergulha no cenário político brasileiro e, a partir da experiência de Maurício e Juliano, busca interpretações para que nós, leitores, encontremos algum caminho no inexplicável. Como Bolsonaro se tornou o diferente? Quem votou nele? O que o elegeu? É algo permanente?
Ainda que A Eleição Disruptiva não responda todas as perguntas, os escritores, que também são marqueteiros políticos, pelo menos dão o direcionamento. Nos fazem olhar para o cenário de um outro jeito. Há mais atenção em detalhes que antes passaram desapercebidos. Vemos o pleito de 2018 como algo completamente fora da normalidade e, a partir daí, achamos novas leituras.
Livro feito no "quente" e publicado apenas um ano depois das eleições, obviamente há muita coisa que escapa da análise da dupla. Eles mesmos admitem isso no começo do livro. O que aconteceu no Brasil em 2018 ainda vai ser muito estudado, anos a fio, pelos mais diferentes estudiosos, das mais diferentes áreas. Isso aqui é um ponto de partida para irmos além.
Além disso, obviamente, alguns temas já estão desatualizados. Desde que a dupla escreveu o livro, passamos a enfrentar uma pandemia, uma eleição municipal esfriou a política de Bolsonaro e temos mais de 240 mil mortos que, com um governo mais rígido, poderiam ter sido evitadas. Vai da análise crítica do leitor em acrescentar esses fatos na compreensão geral.
Enfim, A Eleição Disruptiva é um livro essencial para lermos em um momento tão frágil da política brasileira. Ajuda os leitores a acalmarem os ânimos, a colocar a bola no chão e a enfim compreender melhor o que há por trás de nossa política -- influências, a opinião do povo, a polarização que existe desde 2014. É um desafio compreender tudo. Mas se faz necessário.
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