* Esta matéria contém alguns spoilers dos contos de Sherlock Holmes.
Os livros de Sherlock Holmes foram um dos gatilhos que despertaram minha paixão pela leitura. A escrita de Sir Arthur Conan Doyle, sempre atenta aos detalhes e capaz de criar um dos personagens mais emblemáticos da literatura mundial, surpreende em cada linha e torna impossível a tarefa de largar suas tramas de mistério -- num movimento comparável à Rainha do Crime, a também inglesa Agatha Christie. Qualquer um que ler suas histórias vai se encantar.
E apesar de ser conhecido por seus grandes romances, como Um Estudo em Vermelho e O Signo dos Quatro, o personagem de Sherlock Holmes é realmente explorado em histórias curtas. Os contos de Conan Doyle são pílulas de genialidade, que conseguem mesclar várias formas de contar uma história de mistério -- indo desde tramas que não saem de dentro da casa de Baker Street até grandes epopeias heroicas do detetive e de Watson, seu fiel amigo e escudeiro.
O Esquina, então, elencou os cinco contos mais surpreendentes, inteligentes e bem escritos com o personagem de Sherlock Holmes após a leitura da coletânea Escândalo na Boêmia e Outros Contos Clássicos de Sherlock Holmes, editado pela Record e com quinze grandes histórias do detetive. E se você quiser ler a crítica completa do livro, organizado por Mário Feijó, só clicar AQUI.
5: A Liga dos Ruivos
Publicado em 1891, este conto tem uma história de desenrolar interessante e um final que surpreende -- principalmente devido ao tom surrealista da investigação. Nela, um comerciante procura Holmes afirmando que estava participando de uma instituição para ruivos -- que dá nome ao conto -- e que tinha o trabalho de transcrever a Enciclopédia Britânica. No entanto, a tal instituição foi desmembrada sem aviso e o homem, sem saber o que fazer, procura o detetive britânico para entender um pouco mais da história. É uma boa história de entrada para quem conhece pouco sobre Sherlock Holmes e causa até um certo divertimento.
4: O Vampiro de Sussex
Este conto e O pé-do-diabo chamam a atenção pelo aparente teor sobrenatural. No entanto, como é esperado de Holmes, ele consegue reverter tudo e deixar a história ainda mais tensa e interessante. Aqui, em O Vampiro de Sussex, o detetive e Watson são confrontados com um caso estranho: uma mãe é surpreendida enquanto sugava sangue do pescoço de seu filho, um recém-nascido. O marido, espantado, vai procurar Holmes alegando que a esposa virou um vampiro. Ainda que a descoberta final parece ser anticlimática, ela mostra toda a força intelectual de Holmes, que não se deixa abater perante casos absurdos e com um pé no sobrenatural.
3: Seu Último Caso: Um Epílogo de Sherlock Holmes
É, de fato, a última grande aventura narrada sobre Sherlock Holmes por Sir Arthur Conan Doyle. Ainda que o inglês tenha matado seu personagem em uma outra história, que iremos falar ainda nesta lista, é aqui que o ponto final é claro e definitivo -- ainda que Holmes esteja vivo e, aparentemente, saudável. Na história, o detetive britânico se aposentou e adotou a apicultura como profissão.
O aparente crime que se desenrola em suas linhas não é tão interessante quanto as outras histórias de Holmes aqui listadas, mas a fala final do detetive é emocionante para quem o acompanhou por tantos contos e romances. E aliás, quem quiser ver um pouco mais desse Sherlock Holmes idoso e aposentado, pode recorrer ao audiovisual e assistir ao filme Sr. Sherlock Holmes, com Ian McKellen.
2: Escândalo na Boêmia
Irene Adler se tornou personagem essencial na mística que envolve Holmes -- afinal, ela é a única mulher que provocou verdadeira paixão no detetive. No entanto, curiosamente, ela só aparece neste conto, publicado por Conan Doyle em 1891. No cerne da história, o rei da Boêmia procura Holmes para contar que uma mulher (Irene, claro), com quem teve um caso há alguns anos, tem uma foto dos dois juntos, podendo comprometer seu reinado e seu casamento. Além do desenvolvimento da história ser extremamente instigante e Holmes estar em seu ápice, a conclusão de Escândalo na Boêmia é sensacional. Afinal, é a primeira vez que Holmes perde.
Vale ressaltar, também, o barulho que o conto gerou na época em que foi publicado. Afinal, Holmes, até então, tinha uma forte descrença nas mulheres. O caso serviu para mostrar o contrário e mudar a atitude do detetive.
1: O Problema Final
Em 1893, Sir Arthur Conan Doyle ficou cansado de se dedicar tanto às histórias de Holmes e resolveu dar um ponto final em tudo com O Problema Final, na qual o leitor é apresentado ao vilão Moriarty -- que tem um intelecto à altura do de Holmes. A história é fascinante. O detetive reconhece, ao longo de seu desenrolar, que não está conseguindo enfrentar o tal criminoso e começa a reconhecer que este, enfim, pode ser o seu grande final. A narração de Watson, neste caso, também dá muito peso emocional à trama, principalmente por conta de seu final lacrimoso.
Conan Doyle, depois da publicação de O Problema Final, enfrentou muita rejeição e até sofreu agressões verbais na rua -- sendo obrigado a ressuscitar o personagem em A Casa Vazia. De um lado, o renascimento de Holmes foi positivo por ter gerado outras grandes histórias em seguida. Mas, por outro, foi uma pena não ser O Ponto Final o seu grande desfecho. Ficaria à altura de Cai o pano, que dá um fim glorioso ao detetive Hercule Poirot, de Agatha Christie.