Mais difícil do que escolher os melhores filmes de 2018 é, infelizmente, selecionar as piores produções lançadas ao longo do ano. Afinal, os destaques positivos do ano surgem a partir de um certo consenso inconsciente de crítica, público e indústria -- e de muito lobby por aí, é claro. Já os piores são extremamente debatidos e trazem polêmicas. Afinal, muitos filmes se propõem ser ruins. Mas isso é o bastante para tirá-los da lista? Ter um objetivo de "ser farofa" exclui a possibilidade de entrar nessa lista?
O Esquina, após avaliar uma quantidade imensurável de filmes lançados ao longo do ano, chegou nessa lista final com os filmes que mais decepcionaram. Confira abaixo e, é claro, não esqueça de deixar seu comentários com os seus piores filmes de 2018:
10.
Título: A Moça do Calendário
Direção: Helena Ignez
Elenco: Djin Sganzerla, André Guerreiro Lopes, Mário Bortolotto
Nota do filme: 2,6
1. Originalidade: 6,0
2. Qualidade Técnica: 3,0
3. História: 1,0
4. Atuações: 2,5
5. Caráter Mobilizador: 0,5
Justificativa: Que filme bizarro é A Moça do Calendário. A diretora Helena Ignez achou um roteiro perdido de seu falecido marido, o cineasta Rogério Sganzerla. Ela mexeu aqui e ali e o resultado é este estranho e non-sense longa-metragem. Ele se propõe a história de um mecânico que tenta sobreviver com um trabalho numa mecânica e como dublê de dançarino. E o que era para ser uma boa crítica social se torna uma história sem pé nem cabeça e que só deve fazer sentido para Ignez. Pelo menos diverte. Crítica.
9.
Título: Cinquenta Tons de Liberdade
Direção: James Foley
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Kim Basinger
Nota do filme: 2,4
1. Originalidade: 5,0
2. Qualidade Técnica: 1,5
3. História: 3,0
4. Atuações: 2,5
5. Caráter Mobilizador: 0,0
Justificativa: Não é segredo pra ninguém que a franquia de Cinquenta Tons de Cinza é uma das maiores bizarrices do cinema recente. O primeiro longa-metragem é uma não-história. Não há nada ali além de um erotismo artificial. O segundo, enquanto isso, se torna uma trama policial sem sentido e quase sem conexão com a primeira história. Já o terceiro filme parece uma mistura estranha dos dois. Há mais qualidade ali, e uma trama um pouco mais original do que o esperado, mas continua estranho. Nada parece fazer sentido e, no final, fica longe de ser uma trama erótica como se propõe. Crítica.
8.
Título: 15h17: Trem para Paris
Direção: Clint Eastwood
Elenco: Spencer Stone, Alek Skarlatos, Anthony Sadler
Nota do filme: 2,3
1. Originalidade: 5,0
2. Qualidade Técnica: 5,0
3. História: 1,0
4. Atuações: 0,5
5. Caráter Mobilizador: 0,0
Justificativa: Difícil imaginar que Clint Eastwood, responsável por filmes como Gran Torino e Menina de Ouro, pudesse entrar numa lista de piores do ano. Mas conseguiu -- e com louvor. 15h17: Trem para Paris é tenebroso. Ainda que o objetivo e a ideia sejam bons, de colocar heróis americanos para reviver momentos históricos, o resultado da produção choca pela fragilidade do roteiro, de suas atuações e do sentido geral da coisa. Nada combina e o filme possui um segundo ato que entra para a história do cinema como um dos piores já feitos -- o que são as cenas dos americanos 'turistando'? É ruim, é mal feito, é mal executado e dá vontade de largar a projeção na metade. Crítica, AQUI.
7.
Título: Não se Aceitam Devoluções
Direção: André Moraes
Elenco: Leandro Hassum, Jarbas Homem de Mello, Zéu Britto
Nota do filme: 2,3
1. Originalidade: 1,0
2. Qualidade Técnica: 1,5
3. História: 5,5
4. Atuações: 2,5
5. Caráter Mobilizador: 1,0
Justificativa: Aconteceu o inimaginável. Leandro Hassum conseguiu piorar um filme que vinha para sua terceira adaptação nos cinemas -- a primeira é mexicana; a segunda, francesa. Com uma trama repleta de personagens dispensáveis, piadas machistas e uma história que não encaixa como nenhuma das outras versões, Não se Aceitam Devoluções causa um genuíno sentimento de estranheza durante a projeção. Nem o final emocionante consegue criar qualquer sentimento no espectador, que o encara de forma distante e não entende aquele desfecho. Não funcionou. Critica completa AQUI.
6.
Título: No Olho do Furacão
Direção: Rob Cohen
Elenco: Toby Kebbell, Ralph Ineson, Maggie Grace
Nota do filme: 2,2
1. Originalidade: 1,0
2. Qualidade Técnica: 2,5
3. História: 4,0
4. Atuações: 3,5
5. Caráter Mobilizador: 0,0
Justificativa: Filmes de ação genéricos chegam aos montes nos cinemas. Recentemente, tivemos Tempestade, Fúria do Mar e um punhado de outros. Mas o pior, sem dúvidas, é No Olho do Furacão. Espécie de Velozes e Furiosos misturado com Twister, pouco se salva aqui. A história até é divertida e boa atuação de Toby Kebbell (Black Mirror), que se esforça apesar da bomba. O problema, aqui, é que a história não chega em lugar algum, os efeitos conseguem ser inferiores quando comparados com longas de 20 anos atrás e não há nada de originalidade. Até o nome é semelhante com um filme de 2014. Crítica.
5.
Título: Crô em Família
Direção: Cininha de Paula
Elenco: Marcelo Serrado, Arlete Salles, Tonico Pereira
Nota do filme: 2,0
1. Originalidade: 1,5
2. Qualidade Técnica: 0,5
3. História: 1,0
4. Atuações: 5,0
5. Caráter Mobilizador: 2,0
Justificativa: O primeiro filme, Crô, já é péssimo. Afinal, o roteiro é raso, o personagem é desinteressante e as piadas, geralmente, transitam entre o preconceituoso e o sem graça. Difícil saber que a história do mordomo gay, que surgiu numa novela da Globo, tinha espaço para piorar. Mas conseguiu em Crô em Família, uma comédia nacional que não tem nada. Apesar da boa atuação de parte do elenco, a história é vazia de significado, de humor, de importância. Isso sem falar dos momentos vergonha alheia, que povoam todo o longa. Péssimo, Cininha de Paula! Crítica completa do filme AQUI.
4.
Título: Uma Dobra no Tempo
Direção: Ava DuVernay
Elenco: Oprah Winfrey, Chris Pine, Mindy Kaling
Nota do filme: 1,8
1. Originalidade: 5,5
2. Qualidade Técnica: 1,0
3. História: 0,0
4. Atuações: 1,5
5. Caráter Mobilizador: 1,0
Justificativa: O ano para a Disney não foi tão bom, se deixar a Marvel de lado. O filme sobre Han Solo não foi bem de público; O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos é lindíssimo, mas chato; e Christopher Robin é bonito, nostálgico... e só. Mas o grande desastre do estúdio ficou com o tenebroso Uma Dobra no Tempo. Adaptado de um bom, mas complexo livro, o longa-metragem se tornou um exercício de paciência. Nada ali faz muito sentido, os efeitos especiais são de dez anos atrás e as atuações são risíveis de tão ruins. O pior é a diretora Ava DuVernay, do mediano Selma, que não acerta nem ao menos o ângulo de filmagem. Filme difícil de chegar ao fim sem tirar uma soneca.
3.
Título: Los Territorios
Direção: Iván Granovsky
Elenco: Iván Granovsky, Joana de Verona
Nota do filme: 1,8
1. Originalidade: 5,5
2. Qualidade Técnica: 1,0
3. História: 0,0
4. Atuações: 0,5
5. Caráter Mobilizador: 2,0
Justificativa: Um dos filmes mais pretensiosos dos últimos anos, Los Territorios é insuportável. Ao contrário da maioria dos filmes nesta lista, que acaba descambando para a diversão de tão ruim que são, Los Territorios causa desespero ao mostrar a jornada desinteressante do jovem argentino que tenta encontrar um lugar no mundo. A cadência do filme não só causa um sono involuntário como o personagem principal -- interpretado pelo diretor -- é uma das construções sociais mais chatas e petulantes do cinema. Bola fora da Argentina, de Iván Granovsky e do cinema. Crítica completa AQUI.
2.
Título: Slender Man: Pesadelo Sem Rosto
Direção: Sylvain White
Elenco: Joey King, Julia Goldani Telles, Annalise Basso
Nota do filme: 1,4
1. Originalidade: 5,5
2. Qualidade Técnica: 1,0
3. História: 0,0
4. Atuações: 0,5
5. Caráter Mobilizador: 0,0
Justificativa: Uma pena que este filme esteja na lista. O monstro Slender Man é uma criação da internet, das famosas creepy pastas, que tinha tudo para gerar um bom filme. Mas a união de terror e tecnologia, novamente, não deu certo e o resultado desta produção não poderia ser mais entediante. O diretor Sylvain White cria momentos genéricos e que tentam assustar a qualquer custo, causando apenas sono. As atuações conseguem ser ainda piores, com a fraca Joey King (A Barraca do Beijo) encabeçando esse show de horrores -- que de assustador não tem nada. Crítica completa AQUI.
1.
Título: Selfie para o Inferno
Direção: Erdal Ceylan
Elenco: Alyson Walker, Meelah Adams, Tony Giroux
Nota do filme: 1,1
1. Originalidade: 4,0
2. Qualidade Técnica: 1,0
3. História: 0,0
4. Atuações: 0,5
5. Caráter Mobilizador: 0,0
Justificativa: Não tinha como mudar esse cenário. Selfie para o Inferno é o perfeito anti-filme. A história é um vazio narrativo que é completado por situações clichês e truques artificiais para tentar dar susto no espectador -- e não dá, só causa riso. As atuações são primárias, remetendo ao teatrinho de Ensino Fundamental. E a direção é uma das maiores piadas dos últimos tempos, ficando totalmente perdida na construção do filme. Não tinha como ser diferente: Selfie para o Inferno é o pior filme do ano. Crítica, AQUI.
Menção Honrosa
Robin Hood: A Origem (2,8); A Maldição da Casa Winchester (2,8); Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos (2,8); Coração de Cowboy (3,1); Acrimônia (3,2).
Observações
* Para desempate, seguiu-se a ordem de notas: originalidade, qualidade técnica, história, atuações e caráter mobilizador.
** Algumas notas mudaram entre diferentes rankings por conta de contexto.
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