Três Anúncios para um Crime, A Forma da Água, Lady Bird, Me Chame Pelo Seu Nome. Esses são os principais nomes que estão na disputa pelo Oscar de 2018, encabeçando a corrida pelo maior prêmio da noite. Porém, há uma categoria tão interessante e disputada quanto o Oscar de Melhor Filme: as cinco delicadas produções que concorrem à Melhor Curta de Animação.
Neste ano, a categoria é representada por Dear Basketball, Lou, Revolting Rhymes, Garden Party e Negative Space. Abaixo, falamos um pouco de cada e indicamos qual deve ser a grande vitoriosa:
Dear Basketball
Quem está por trás deste interessante curta-metragem de animação é Kobe Bryant, lenda norte-americana do basquete. Dirigida por Glen Keane (do departamento de arte de grandes filmes da Disney, como A Bela e a Fera), o curta tem visual interessante feito de rabiscos e uma boa narração do próprio Kobe. O que chama mais a atenção é o formato inventivo da produção, que é uma adaptação da carta que o cestinha escreveu ao se aposentar do basquete. É bonito e emocionante. No entanto, não é um curta com a força necessária para o Oscar e, sem dúvidas, é o mais inferior dos cinco. Infelizmente, porém, é o grande favorito. Se ganhar, não será justo. Será, apenas, o espírito americano -- mais uma vez -- comandando as intenções dos votantes.
Lou
Como todo ano, a Pixar está marcando presença no Oscar de Melhor Curta de Animação. A aposta de 2018 é o simpático Lou, que acompanha a relação entre um valentão de escola e um ser, formado por objetos perdidos, que tenta “curar” o tal menino, fazendo-o enxergar as outras crianças de uma forma diferente. A direção é de Dave Mullins, que faz a sua estreia no comando de curtas, e entrega uma história bonitinha. Emociona nos momentos certos e tem um visual interessante, que agrada as crianças. Ainda assim, falta um roteiro mais bem trabalhado -- como é de costume da Pixar -- e nem chega perto de Piper, o vencedor do ano passado.
Revolting Rhymes
Este curta-metragem é um adaptação de um livro de Roald Dahl, a mesma mente por trás de A Fantástica Fábrica de Chocolate, James e o Pêssego Gigante e O Bom Gigante Amigo. Sem dúvidas, a trama é bem adaptada e o roteiro é muito inventivo, ao misturar histórias de diferentes contos de fada. No entanto, a BBC -- que produziu o curta -- resolveu dividir a história em duas partes que, somadas, chegam a uma hora. Ou seja, o filme não entraria na disputa por curtas. Aqui, então, é preciso analisar apenas a primeira parte da trama -- e isso não faz sentido. As duas partes se completam e dão uma boa conclusão. Afinal, é um filme! Então, independente da qualidade, a meu ver, Revolting Rhymes não merece a indicação. É um média-metragem.
Garden Party
É o mais inteligente dentre os indicados. E aqui, o interessante é ir descobrindo a história aos poucos. Mas aqui vai um preview que não atrapalha em nada: este curta de Victor Caire e Gabriel Grapperon, que também é o que tem o melhor visual dentre os cinco, mostra um grande número de sapos numa casa abandonada. Aí, a partir de um roteiro esperto, o curta vai dando dicas do que aconteceu no lugar. Tudo ainda numa mistura de romance, gula e mistério. Há, ainda, uma espécie de easter egg muito provocativo e curioso. É muito, muito, muito bom. Só perderá se os votantes decidirem pelo roteiro mais melancólico de Negative Space ou optarem pelo patriotismo em Dear Basketball.
Negative Space
Num estilo que lembra o ótimo longa Mary e Max, o curta-metragem Negative Space chama a atenção aos poucos. Começa com um fato banal, sobre arrumar malas para viagens, e vai crescendo com o passar da história -- até chegar numa conclusão melancólica e que deve balançar os corações. É triste, é profundo e é, de longe, o mais sério dos cinco indicados -- não é à toa que foi o grande vencedor do Anima Mundi em 2015, levando-o ao Oscar deste ano. Se os votantes estiverem atrás de algo mais sério, Negative Space vai levar. Mas se o objetivo for o mais inventivo, o lugar é de Garden Party. Qualquer um dos outros três, será injusto.
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