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Foto do escritorAmilton Pinheiro

Personagens fortes e determinados empolgam na abertura da 8ª Mostra de Cinema de Gostoso


O roteiro da abertura da 8ª Mostra de Cinema de Gostoso, que aconteceu ontem à noite, 26, nas areias da praia de Maceió, não fugiu do que se espera de eventos assim. Os dois apresentadores, idealizadores e curadores da Mostra, Eugenio Puppo e Matheus Sundfeld, não tinham como não fugir da necessidade de destacar e louvar os patrocinadores e apoiadores, ainda mais em um ano de dificuldades de levantar grana, dando espaço para os discursos geralmente enfadonhos de quem sobe ao palco para falar da empresa e marca que representam.


Outro script que eles não podiam deixar de falar, esse, sim, a razão e o sentido de um festival de cinema no lugar que nem sala de exibição tem, é a parceria e o trabalho que o desenvolvem desde a primeira edição com a comunidade local, o Coletivo Nós do Audiovisual, com mais um curta produzido por jovens que participam das oficinas e cursos dados pela Mostra de Cinema de Gostoso.


O curta-metragem apresentado antes do longa de abertura, Marighella, de Wagner Moura, pelo jovens realizadores do Coletivo, foi Papa-Jerimum, de Clara Leal e Harcan Costa um retrato-perfil de Seu Leonardo (O Papa-Jerimum), ex-navegador, que foi um importante incentivador e empreendedor das potencialidades turísticas do município de São Miguel de Gostoso, sendo o primeiro proprietário de uma pousada na cidade.

O público presente, que lotou as cadeiras (espreguiçadeiras) espalhadas nas areias da praia de Maceió, além do entorno, gostou de ver na tela de cinema um personagem local, que é lembrado por incentivar o turismo e a gastronomia da região dando outras perspectivas de trabalho para os moradores da região.


Apesar da feitura simples do documentário Papa-Jerimum, o curta tem o mérito de mostrar não somente um personagem conhecido apenas na região local, mas principalmente de ser mais um resultado de trabalho desenvolvido pelos jovens do Coletivo Nós do Audiovisual.


O curta-metragem serviu também para preparar as atenções do público para a jornada do guerrilheiro Carlos Marighella no filme eletrizante de Wagner Moura, um thriller político e policial sobre um dos principais personagens da ditadura militar. Mas antes da exibição do filme, Eugenio Puppo lembrou da faixa etária do filme, para maiores de 16 anos, por conta das cenas fortes de torturas e mortes, falando da necessidade dos pais ou responsáveis pelos jovens abaixo da idade indicativa os retirassem quando o longa começasse a ser exibido.


Marighella de Wagner Moura foi bem recebido pelo público, com poucas pessoas saindo durante a projeção. E a grande parte que ficou, aplaudido no final do filme, inclusive com o conhecido “Fora Bolsonaro” de parte da plateia, mostrando o acerto da Mostra de Cinema de Gostoso em mostrar um filme realizado pela comunidade local e outro de projeção nacional, aliando a história de personagens anônimos e conhecidos que moldaram suas existências com uma grande carga de idealização e de luta para transformar a realidade imposta.

 

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