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Foto do escritorMatheus Mans

'Pacto Brutal', no HBO Max, explora caso Daniella Perez com responsabilidade


O caso Daniella Perez foi um marco na história da televisão brasileira. Afinal, a história é brutal: a jovem atriz, filha da novelista Glória Perez, foi assassinada com quase duas dezenas de estocadas e abandonada no meio do mato. O algoz? O parceiro de cena na novela De Corpo e Alma, escrita pela própria Glória Perez: o também ator Guilherme de Pádua. O caso ganhou as telas, as capas de revistas e, agora, recebe um ponto final com a boa série Pacto Brutal.


Com direção de Tatiana Issa e Guto Barra, e estreia exclusiva no HBO Max nesta quinta-feira, 21, o documentário se divide em cinco episódios -- o Esquina conferiu os dois primeiros. No que foi visto, percebe-se que há uma preocupação em fazer justiça. Não a justiça dos tribunais, mas a de desfazer erros que a mídia cometeu. Primeiramente, não se abre espaço para o assassino da atriz, que já deu tantas entrevistas por aí. Acertado, ainda mais pelo aspecto midiático de Pádua.


Além disso, o primeiro episódio é narrativamente impecável. Enquanto o segundo capítulo apresenta uma certa confusão, principalmente na questão da temporalidade dos acontecimentos, Pacto Brutal começa com o pé direito. Várias entrevistas (Glória, o marido Raul Gazolla, delegado e investigadores, familiares mais próximos) dão densidade à produção. Não é difícil compreender o encadeamento dos acontecimentos, que vão em uma crescente.


É impressionante, também, a quantidade de material usado -- muito disso com apoio da própria Glória Perez, que se abre de verdade pela primeira vez em muito tempo. Nos 30 anos desde o assassinato, nunca ela se mostrou tanto, se abriu tanto, falou tanto. É emocionante, forte e impactante. O mesmo vale para as entrevistas com Raul Gazolla. Percebe-se a dor do ator que, com complementos de Alexandre Frota e Maurício Mattar, não esconde o seu sofrimento total.


Confesso que há uma certa preocupação com os capítulos seguintes, principalmente por uma questão de esgotamento da temática. Será que tem tanto para contar em outros três episódios de quase uma hora? Além disso, como vai se organizar a narrativa? Vai ter a clareza do primeiro capítulo ou vai se atropelar como o segundo? Vamos esperar o que vem por aí. Mas algo é certo: Daniella está sendo tratada com respeito, de maneira pública, pela primeira vez em 30 anos.

 

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