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Foto do escritorMatheus Mans

Os melhores filmes de 2023 até agora


Passou rápido: o ano já está chegando na metade e, com isso, o Esquina chega com sua tradicional lista de melhores do ano -- pelo menos, até agora. São filmes bem diversos que estrearam neste primeiro semestre, mostrando que há boas possibilidades para todos. Para explicar, selecionamos apenas os filmes lançados em 2023 nos cinemas ou no streaming do Brasil. Não vale lançamentos em festivais, fora do circuito ou que ainda não chegaram aqui.


Por isso, se um filme foi lançado em 2022 nos Estados Unidos, mas chegou só agora aqui, está apto a entrar na lista. Ou seja: não importa o ano de produção, mas o de lançamento. E, como sempre, deixamos o convite: conte para nós, nos comentários, quais são os seus filmes preferidos de 2023 até agora. Esse debate de ideias e opiniões é sempre produtivo.


10. Bem-Vindo de Novo


Documentário que acabou de chegar aos cinemas, e ainda com sessões disponíveis em cinemas por aí, Bem-Vindo de Novo traz uma belíssima história sobre o retorno de um casal de descendentes de japoneses que volta ao Brasil após passar 13 anos em busca de melhores oportunidades no Japão. No Brasil, esperam ansiosamente seus três filhos. Um deles é Marcos Yoshi, realizador do documentário, que registra cada momento da família nessa retomada de seus pais de volta para casa. Bem-vindos de Novo poderia ser um filme banal, em que essa família se reencontra e tudo vai bem.

No entanto, nada aqui é fácil. Afinal, os pais foram embora quando os filhos ainda eram crianças e adolescentes. Agora, já crescidos, percebe-se uma desconexão. O patriarca da família até chega a verbalizar, em um dos momentos mais duros, que não reconhece mais os seus. É um documentário que transpira verdade, emoção e sentimento. E, por isso, merece estar no ranking. Crítica AQUI.


9. Andança


O nono lugar do ranking fica com outro documentário, também brasileiro. É Andança, uma das poucas histórias que me fez derramar algumas lágrimas. Dirigido por Pedro Bronz, de A Farra do Circo, o longa-metragem fala, essencialmente, sobre a vida e obra da cantora Beth Carvalho. No entanto, esqueça aquele formato quadrado de pessoas sentadas na frente de uma câmera tecendo loas ao biografado. Aqui, o cineasta se vale de um arquivo produzido por Beth ao longo de décadas. Ela, como diz em um determinado momento do filme, tinha cabeça de pesquisadora. Ela registrava tudo: desde conversas até ensaios. Bronz tem ouro em mãos.

Não só conseguimos mergulhar nas idas e vindas da madrinha do samba, como também conseguimos participar de momentos históricos do samba. É de arrepiar, por exemplo, o momento gravado em som por Beth Carvalho em que Cartola apresenta, pela primeira vez, As Rosas Não Falam e O Mundo é um Moinho. É o ponto alto de Andança, mostrando como é mais do que uma cinebiografia. É uma celebração. Crítica.


8. Gato de Botas 2


Ninguém poderia imaginar que a animação Gato de Botas 2, vinda do cansado universo de Shrek, seria um dos melhores filmes do ano. Dirigido por Joel Crawford (Os Croods 2), o filme tem uma história simples: o Gato (Antonio Banderas) vive intensamente, se apresentando em pequenas cidades e se mantendo como um fora da lei. No entanto, sua vida vira de cabeça pra baixo quando ele perde uma de suas nove vidas. O problema? É a última. Ele toma a decisão de procurar uma estrela mágica para realizar seu desejo de retomar as nove vidas -- ao lado de Kitty (Salma Hayek) e Perrito (Harvey Guillén).

A partir disso, Crawford já apresenta seus dois primeiros grandes acertos. Um deles, e que é o mais óbvio, é o visual de Gato de Botas 2: O Último Pedido. Enquanto Homem-Aranha no Aranhaverso acerta ao colocar no cinema o visual dos quadrinhos, esta produção da Dreamworks coloca o tradicional visual dos contos de fadas na telona. É bonito, é interessante, é ousado. Tem explosões de cores, brincadeiras com formas. Criatividade pura. Outro ponto é como o roteiro de Paul Fisher (Os Croods 2) consegue resgatar o que há de melhor na franquia Shrek -- essência esta que havia sido perdida nos dois últimos filmes do ogro verde. Como há esse resgate? Primeiro, pela simplicidade da história em focar na amizade, nos laços. Depois, pelos ótimos vilões, aqui sendo representados por Cachinhos Dourados (Florence Pugh), ursos e Joãozinho (John Mulaney). Crítica AQUI.


7. A Inspeção


Filme que chegou silenciosamente no Paramount+, A Inspeção trata da rotina de um rapaz gay que é rejeitado por sua mãe -- quando vai visitá-la, ela chega a colocar um pedaço de jornal para ele se sentar. Em busca de receber aprovação da matriarca, e de sair da difícil condição em que está inserido, ele acaba entrando para o Exército dos Estados Unidos.

O filme, assim, retrata sua difícil busca para se qualificar como um marine e, assim, quem sabe, conquistar a aprovação da mãe. É um filme duro, muito verdadeiro, e que conta com atuações deslumbrantes de Jeremy Pope (de Pose) e de Bokeem Woodbine (O Atirador 2).


6. Entre Mulheres


No começo de Entre Mulheres, o público tateia a história no escuro. O cenário parece saído de um filme de época. Século XVIII, talvez? Afinal, a cidade em que se passa o filme é bucólica e as mulheres que ali se apresentam, conversando em um celeiro, estão com roupas de algumas décadas atrás. O conflito estabelecido por Sarah Polley, diretora e roteirista, também é nebuloso: elas foram agredidas e, agora, precisam decidir o que fazer. Entram em conflito com os homens ou partem? Essas dúvidas todas, que surgem rapidamente e vão se dissipando lentamente, são propositais. Entramos na história pós-agressões -- essa violência, afinal, nem merece ser fotografada. O que Polley quer mostrar é a reação, a luta.

Essas mulheres, mesmo privadas da escrita, da leitura e de sua própria voz, resolveram dar um basta, um chega, e estão definindo qual caminho seguir. Algumas são mais reativas, outras mais racionais. Mas, aos poucos, o cenário vai se construindo e a discussão, que lembra algo de um 12 Homens e uma Sentença, vai sendo solucionada. O fato é que Entre Mulheres, como o título original (Women Talking) já sugere, não traz ação e movimento, mas pensamento, conversa e reflexão. Não vou entrar em detalhes sobre como estão a vida de Ona (Rooney Mara), Salome (Claire Foy), Mariche (Jessie Buckley) ou Greta (Sheila McCarthy), tampouco explorar essas questões que levantei anteriormente. A surpresa de descobrir isso faz parte da experiência dolorosa. Essas mulheres estão resistindo, mas a dor do passado as acompanha e deixa uma ferida aberta, que parece cicatrizada apenas em poucas. Filme fortíssimo. Crítica completa AQUI.


5. Os Fabelmans


Assim como Belfast, Bardo e Armageddon Time, Os Fabelmans busca ser um resgate de memórias do cineasta sobre sua formação como cineasta, como pessoa, como indivíduo. Enquanto esses outros três filmes acabam focando em assuntos mais complexos, para dar um ar de superioridade às histórias, Os Fabelmans faz o que precisa: falar sobre o que vale a pena. Spielberg não se enrola muito na forma de contar sua história, nem tenta complicar. É, basicamente, a história de Sammy (Gabriel LaBelle), esse garoto que começa a ter uma paixão quase inexplicável pelo cinema ainda bem jovem. No entanto, enquanto aprende a mexer na câmera, ele também precisa lidar com a relação dos pais (Michelle Williams e Paul Dano). Spielberg mostra como domina essa história.

Cada detalhe na vida do jovem Sam pode ser, pelos espectadores mais atentos, refletidos em outros filmes importantes do cineasta. É bonita essa forma de celebração do cinema de Spielberg em todas suas camadas. Muitos desses bons acertos partem, também, da ótima atuação do jovem LaBelle (O Predador). Não só dá para ver um jovem Spielberg em cena, como também ele segura as pontas pelo passeio que o roteiro de Spielberg e Tony Kushner (Lincoln) dá entre os gêneros: em Os Fabelmans, temos cenas de comédia, de romance, de drama. É tudo natural. Não há um cineasta tentando ser engraçado, tentando deixar sua própria história mais dramática -- os principais erros de Branagh, Iñárritu e Gray. Ele deixa a coisa fluir e, assim, faz um filme verdadeiro. O sentimento aflora. E, com isso, a história nunca perde a graça e o encanto. É o melhor filme de Spielberg desde o pouco celebrado As Aventuras de Tintim e que merece ficar no quinto lugar da nossa lista semestral. Crítica completa AQUI.


4. Viver


Uma das maiores surpresas do ano no Oscar 2023, Viver -- também conhecido por seu título original, Living -- é um filme que arrebata. Conta a história de um homem (Bill Nighy) que sempre levou seus compromissos a sério, sem nunca atrasar para nada ou faltar ao trabalho. Até que, um dia, descobre que está doente e não tem muito tempo de vida.

É aí que este sir passa a tentar aproveitar sua vida ao máximo, aproveitando cada segundo e tomando para si algumas missões antes impossíveis. Destaque para a atuação arrebatadora de Nighy que, de novo, se mostra como um dos melhores de sua geração.


3. John Wick 4


Agora entramos na zona dos premiados. A medalha de bronze ficou com John Wick 4, filme de ação com Keanu Reeves que chegou em um outro nível de história por aqui. É, disparado, o mais exagerado e divertido da franquia. O longa mostra John (Keanu Reeves) novamente como um pária dentro do universo da Alta Cúpula, essa irmandade que comanda as diferentes famílias de assassinos espalhadas pelo mundo. O protagonista sequer pode contar com o apoio certeiro de Winston (Ian McShane), que o traiu no último filme, e precisará se virar como pode para matar pessoas, sobreviver e, quem sabe, ganhar o direito de ter uma vida comum.

É uma história que anseia desesperadamente em ser maior, em todos os sentidos, do que os filmes que a antecedem. Apesar disso, John Wick 4: Baba Yaga tem mais acertos do que erros. Stahelski, com roteiro de Shay Hatten e Michael Finch, mostra claramente que adora todo o universo construído na franquia: ele explora ao máximo a cultura da Alta Cúpula e mostra como pode ser divertido falar de sociedades de assassinos com suas regras próprias assim como é divertido falar de heróis. Crítica AQUI.


2. Babilônia


Filme polêmico. Uns amaram, outros odiaram. Aqui no Esquina, porém, Babilônia chega com tranquilidade ao segundo lugar no ranking. Afinal, o longa-metragem tem personalidade, força, musicalidade e é recheado de emoção. A trama acompanha, basicamente, a história de três personagens centrais: Jack Conrad (Brad Pitt), um astro veterano do cinema mudo; Nellie LaRoy (Margot Robbie), uma estrela em ascensão; e Manny Torres (Diego Calva), um faz tudo que sonha em ser poderoso nessa Hollywood antes dos Anos Dourados.

Para contar essa história, Chazelle exagera: tudo aqui é dantesco, grandioso, longo, exagerado. Pode parecer falta de sutileza, mas é proposital. Babilônia não quer ser sutil ao tratar Hollywood dos anos 1920 e 1930. Não quer, de forma alguma, tratar do passado de forma idealizada, romantizada. Pelo contrário: Chazelle faz o movimento reverso, em que desnuda Hollywood e mostra o que de mais escondido há em sua história. Drogas, sexo, orgia, mortes. É um mundo sem leis, dentro e fora dos set de filmagens, e que quebra o encanto do passado. Ao mesmo tempo, Chazelle constrói novos encantamentos. Crítica AQUI.


1. Tár


Outro filme polêmico. Afinal, muitas pessoas ficaram com um pé atrás no Oscar, quando a campanha pelo longa-metragem começou a ganhar fôlego e ameaçou um tiquinho do reinado (injusto, diga-se de passagem) de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Mas é preciso deixar essa bobagem de lado e admitir: é um filmaço. Dirigido por Todd Field (Pecados Íntimos), que desde 2006 não comandava um filme, Tár conta a história da maestro Lydia Tár (Cate Blanchett), considerada uma das maiores de sua área. Ela domina a música como poucos. E sabe disso.

No entanto, todo esse conhecimento entra em confronto direto com suas atitudes. Ela é dona de si, defende com unhas e dentes o que pensa e, o pior de tudo, deixa seus interesses sexuais falarem mais alto. Isso, ao longo das 2h40 de projeção, acaba criando uma série de percalços e pequenos problemas. Ela se indispõe com as pessoas, principalmente aqueles mais jovens que pensam diferente dela. Entre as mulheres, fica a sensação de que não faz amigas, mas apenas pessoas que podem servir para ela de alguma forma. Essa Tár criada por Field, assim, está longe de ser perfeita. Pelo contrário: é odiável e nos faz questionar até que ponto temos alguém como ídolo. Tudo isso ainda com uma atuação de gala de Blanchett. Crítica completa AQUI.


Menções honrosas: Pearl, Me Chama que eu Vou, A Baleia, A Morte do Demônio: A Ascensão, Pânico VI, A Extorsão, Derrapada.

 

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