A Netflix não cansou de produzir conteúdos originais ao longo de 2018. Toda sexta-feira, sem falta, o serviço de streaming lançava algum produto audiovisual original -- fosse comédias românticas, filmes adolescentes, suspenses, épicos e por aí vai. Alguns deles foram acertos grandiosos, outros catástrofes retumbantes. Muitos também dividiram as opiniões. O péssimo A Barraca do Beijo, por exemplo, conquistou uma legião de fãs, apesar da qualidade duvidosa e da romantização de uma relação claramente abusiva.
Abaixo, o Esquina manteve sua forma de avaliação e elencou os dez melhores filmes originais produzidos pela Netflix. Sem distinção de gênero cinematográfico. Confira:
10.
Título: Lá Vem os Pais
Direção: Robert Smigel
Elenco: Adam Sandler, Chris Rock, Steve Buscemi
Nota do filme: 5,6
1. Originalidade: 5,5
2. Qualidade Técnica: 5,0
3. História: 6,5
4. Atuações: 6,5
5. Caráter Mobilizador: 4,5
Justificativa: Um ranking de melhores filmes que começa com Adam Sandler -- e que não é dirigido por Baumbach ou Paul Thomas Anderson -- faz qualquer um questionar a qualidade da lista. Mas Lá Vem os Pais, ainda que seja recheado de problemas, piadas que não encaixam e furos de roteiro, é uma das produções que mais se sobressaiu no cardápio da Netflix. Contando a história de um confuso casamento, o filme acerta em um punhado de piadas e consegue emplacar um humor mais singelo, diferente de recentes comédias de Sandler. Crítica AQUI.
9.
Título: O Rei da Polca
Direção: Maya Forbes e Wallace Wolodarsky
Elenco: Jack Black, Jason Schwartzmann, Jacki Weaver
Nota do filme: 6,8
1. Originalidade: 7,0
2. Qualidade Técnica: 6,5
3. História: 8,0
4. Atuações: 7,5
5. Caráter Mobilizador: 5,0
Justificativa: Filme que ninguém dava nada, mas que é divertidíssimo. Jack Black interpreta Jan Lewan, um cantor de polca que faz um relativo sucesso na Pensilvânia, especialmente junto ao público mais velho. Esperto e procurando sobreviver financeiramente, ele vê uma oportunidade de criar uma das primeiras pirâmides de dinheiro da história moderna. É divertido, é criativo e é bizarro -- principalmente por ser uma história real. Crítica AQUI.
8.
Título: Cam
Direção: Daniel Goldhaber
Elenco: Madeline Brewer, Devin Druid, Samantha Robinson
Nota do filme: 7,9
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 7,5
3. História: 8,5
4. Atuações: 7,0
5. Caráter Mobilizador: 7,5
Justificativa: Cam é mais um daqueles filmes que usam a tecnologia como antagonista e que encaixariam perfeitamente como um episódio de Black Mirror. Aqui, uma camgirl ganha seu dinheiro se exibindo num site de webcam. No entanto, quando está prestes a se tornar uma das maiores modelos do site, seu perfil é hackeado. E pior: a pessoa que agora é responsável por seu canal a imita perfeitamente. Em aparência e tudo. O que fazer? O longa-metragem, por mais que tenha alguns aspectos batidos, é desesperador e conta com uma trama inteligente, que desafio os espectadores. Vale a oitava posição. Crítica AQUI.
7.
Título: Legítimo Rei
Direção: David Mackenzie
Elenco: Chris Pine, Florence Pugh, Aaron Johnson
Nota do filme: 8,1
1. Originalidade: 7,5
2. Qualidade Técnica: 9,5
3. História: 8,0
4. Atuações: 8,0
5. Caráter Mobilizador: 7,5
Justificativa: Muitas pessoas reclamaram que Legítimo Rei é um filme chato, sem vida, sem história. Possivelmente elas não conseguiram avançar até a metade do segundo ato, quando o longa-metragem engata e apresenta uma forte trama sobre a independência da Escócia. Ainda que a trama reverbere no que já foi contado em Coração Valente, ela traz uma nova visão sobre o acontecido e apresenta uma qualidade técnica invejável -- há planos sequência, há cenas de batalha de tirar o fôlego, há algumas boas atuações. Um filme épico como há tempos não se via. Crítica AQUI.
6.
Título: Mais Uma Chance
Direção: Tamara Jenkins
Elenco: Kathryn Hahn, Paul Giamatti, Kayli Carter
Nota do filme: 8,3
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 8,5
3. História: 8,0
4. Atuações: 8,5
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: Drama familiar impactante, Mais Uma Chance mostra um casal que tenta engravidar, mas não consegue. A saída acaba surgindo na figura de uma sobrinha (Carter) que se oferece para ser barriga de aluguel. É o momento que as estruturas da família entram em colapso -- afinal, é correto isso? Giamatti (12 Anos de Escravidão) e Hahn (Sete Dias Sem Fim) voltam a mostrar versatilidade na tela, enquanto a diretora Tamara Jenkins (A Família Savage) volta a apresentar um estilo próprio, que mistura o drama familiar com o humor particular dessas situações. Bom filme. Crítica AQUI.
5.
Título: Aniquilação
Direção: Alex Garland
Elenco: Natalie Portman, Gina Rodriguez, Oscar Isaac
Nota do filme: 8,3
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 8,5
3. História: 8,0
4. Atuações: 8,5
5. Caráter Mobilizador: 7,5
Justificativa: Filme que ia sair nos cinemas, mas a Netflix comprou de última hora para frustração do diretor Alex Garland (Ex_Machina). Na história, um grupo seleto de cientistas é escolhido para entrar numa zona onde a física não existe e que já "abduziu" um grande número de exploradores. Com Natalie Portman comandando um elenco afiado, o filme acerta ao mesclar o horror, a ficção científica, a fantasia e uma pitada de crítica social. Mais um grande acerto na carreira de Garland, que se mostra uma mente criativa do cinema atual. Crítica AQUI.
4.
Título: 22 de Julho
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Jonas Strand Gravli, Anders Danielsen Lie, Thorbjorn Harr
Nota do filme: 8,8
1. Originalidade: 8,0
2. Qualidade Técnica: 9,5
3. História: 9,0
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: O brutal ataque terrorista na Noruega, em 22 de Julho de 2011, ganhou dois grandes filmes em 2018. O primeiro é Utoya: 22 de Julho, que foi para os cinemas e está dentre os destaques do ano. O outro é está excelente produção de Paul Greengrass (Capitão Philips), que estreou na Netflix e mostra, com detalhes, o ataque terrorista que deixou dezenas de jovens mortos numa ilha de lideranças políticas juvenis e, em seguida, o julgamento do responsável pelos ataques. É forte, é desesperador, é injusto e muito bem feito. Um filmaço de Greengrass que, assim como Roma, merecia a tela grande.
3.
Título: A Balada de Buster Scruggs
Direção: Ethan Coen e Joel Coen
Elenco: Tim Blake Nelson, James Franco, Zoe Kazan, Liam Neeson
Nota do filme: 8,8
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 9,5
3. História: 9,0
4. Atuações: 9,0
5. Caráter Mobilizador: 7,5
Justificativa: Os irmãos Coen, responsáveis por filmes como Onde os Fracos Não Têm Vez e O Grande Lebowski, decidiram fazer uma série de seis episódios sobre o faroeste americano. No final, porém, decidiram juntar os seis episódios no filme A Balada de Buster Scruggs. Como se fosse um Relatos Selvagens do faroeste, o longa-metragem mostra aspectos da decadência humana em seis historietas com a marca registrada do cinema dos dois irmãos. Há humor negro, personagens marcantes, situações absurdas e um roteiro afiadíssimo. Excelente filme. Crítica completa AQUI.
2.
Título: 6 Balões
Direção: Marja Lewis-Ryan
Elenco: Abbi Jacobson, Dave Franco
Nota do filme: 8,9
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 9,0
3. História: 9,5
4. Atuações: 8,5
5. Caráter Mobilizador: 8,5
Justificativa: É um daqueles filmes que, se tivessem ido às salas de cinema, seria um dos melhores do ano. Dirigido pela estreante Marja Lewis-Ryan, 6 Balões é um drama arrebatador, que não deixa pedra sobre pedra após os créditos. Na história, uma jovem (Abbi) está preparando a festa surpresa para seu namorado quando decide ir buscar seu irmão (Franco) em casa. A animação vai por água abaixo, porém, quando ela descobre que o rapaz voltou a usar heroína. É forte, pesado, cru e, ainda assim, muito estiloso. Filmaço. Crítica AQUI.
1.
Título: Roma
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Yalitza Aparício, Marina de Tavira, Nancy García
Nota do filme: 9,6
1. Originalidade: 9,0
2. Qualidade Técnica: 10,0
3. História: 9,5
4. Atuações: 9,5
5. Caráter Mobilizador: 10,0
Justificativa: É o filme do ano. Cuarón, depois de mostrar sua qualidades em grandes longas de diferentes gêneros, se volta para a origem de sua vida e conta uma história de época, mas que continua extremamente atual. Com planos elegantes de câmera, uma fotografia de abrir a boca e atuações naturais, Roma mostra a jornada de uma doméstica, na casa de uma família de classe média do México nos anos 1980, enquanto o País passa por um momento delicado. Tudo ali funciona e Cuarón entrega algumas das cenas mais marcantes do cinema em 2018 -- o que dizer de Yalitza enfrentando as ondas? Crítica completa AQUI.
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