O Brasil levou um susto no domingo, 1, quando a notícia de que Tom Veiga tinha sido encontrado morto em sua casa. Apesar do nome inicialmente não surtir grande efeito, logo os espectadores entenderam que se tratava da mente por trás do Louro José, um dos personagens mais icônicos e divertidos da TV brasileira. Do nada, o País ficou sem a amada ave do Mais Você, da Globo.
E a comoção não foi à toa. Ao contrário do que disse um desavisado colunista, Louro/Tom não infantilizava a programação. Muito menos diminua a inteligência de quem o assistia. Ele era aquele momento leve e necessário na programação engessada da TV, um alívio para o brasileiro, principalmente nesta última década, ao assistir um noticiário catastrófico dia após dia.
Louro José se tornou aquela rara figura que transcende sua imagem. Ele se tornou uma instituição brasileira. Isso mesmo, uma instituição. Dormimos e acordamos tranquilos, na medida do possível, ao sabermos que algumas coisas continuam as mesmas em nossas vidas. E isso não sou eu, Matheus, quem diz. Vai muito além do óbvio. É, afinal, a psicologia.
Ficamos confortáveis ao saber que o Brasil ainda existe como nação. De que nosso dia terá 24 horas. De que lá pelas 18h, fica escuro. De que à noite, se quisermos, vamos ouvir William Bonner dar boa noite no Jornal Nacional. Que Faustão vai aparecer na TV no domingo, assim como Silvio Santos. E que Louro José, mesmo quando não o assistimos, estará nas manhãs.
A morte do genial Tom Veiga, que soube encarnar o papel desse louro maroto, quebra essas nossas expectativas. Várias gerações cresceram rindo com o Louro, sabendo que ele faz companhia para Ana Maria Braga. Mesmo quando não assistimos ao programa da Globo, nós de vez em quando encontramos vídeos dele tentando ajeitar algumas bobagens da Ana Maria.
Agora, num momento em que o Brasil precisa dessa previsibilidade por conta de uma pandemia que mudou a vida de milhões, Louro se vai. Tom Veiga parte. Em um momento em que os governos achatam e diminuem a população, nos falta o riso que as piadas ingênuas de Louro nos causava. É uma perda significativa, que acaba borrando a memória afetiva de muitos.
E, acima disso tudo, está Tom Veiga. Um dos melhores e mais elogiados apresentadores de TV que nunca colocou sua cara na telinha. Um profissional querido por muitos. E que vestiu sua mão com a fantasia do Louro por mais de duas décadas, com um profissionalismo que permite a qualquer um chamá-lo de gênio. Sua partida é triste, dolorosa, sombria para o Brasil de hoje.
Mas, apesar desse momento tão triste, podemos dizer que Louro José cumpriu seu papel. Se esforçou. Nos fez rir, trouxe leveza na manhã de milhões. Emocionou, divertiu. Ajudou Ana Maria Braga, a atual dama da televisão brasileira, quando errou o nome de Simone & Simaria ou quando foi atropelada por um carro. Louro se fez presente e ainda se fará. É isso que conforta.
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