Um dos festivais de cinema mais aguardados e celebrados, o My French Film Festival está com filmes em exibição online e gratuita até o próximo dia 15 de fevereiro. Plataformas como MUBI, Belas Artes À La Carte e Amazon Prime Video estão recebendo os títulos e tornando-os disponíveis para o grande público. São 29 filmes, entre longas e curtas, disponíveis pra assistir.
Assim, a seguir, fizemos um compilado de alguns dos melhores títulos em exibição. Confira.
Os melhores
Josep
O melhor filme do My French Film Festival de 2021, sem dúvidas, é a animação Josep. De uma delicadeza ímpar, difícil de ver por aí, o filme é trabalho de mais de uma década do diretor Aurel sobre Josep Bartolí, um artista catalão que ficou preso em campos de concentração na França após a Guerra Civil da Espanha. Poética, sua jornada nesses campos e a amizade com um guarda francês -- ficcional, mas que serve como condutor da narrativa na história -- impulsionam a história, repleta de emoção e momentos impactantes. Destaque também para o formato pouco convencional que Aurel encontrou para colocar os desenhos na tela, criando uma mistura de estilos e brincando com metalinguagem em alguns momentos.
Camille
Um dos melhores retratos no cinema sobre fotojornalismo já feito, Camille é um filme extremamente sensível. Afinal, o diretor Boris Lojkine acerta em cheio ao contar a história dessa jovem fotógrafa que morreu no exercício de sua profissão enquanto retratava guerras na África central. A protagonista Nina Meurisse, que atuou em diversos filmes conhecidos no Brasil, entre eles Esperando Acordada, capta a essência de sua personagem e consegue ir além. O ponto negativo, e que é inegável, é a falta de profundidade na história dos próprios africanos. Afinal, oras, a guerra acontece justamente pela colonização do país da fotógrafa. Faltou problematizar.
Adolescentes
Numa espécie de Boyhood francês, este documentário acompanha o crescimento de duas adolescentes -- passando por provações, escola, primeiras experiências e outras coisas do tipo. É inegável a força do longa-metragem, lembrando um pouco 17 Quadras, como estudo antropológico e social. As duas personagens são interessantes, assim como o desenvolvimento de suas personalidades. Pena que o diretor Sébastien Lifshitz acabe exagerando no tom pouco naturalista, lembrando Notturno, e trazendo algumas cenas realmente artificiais pra história.
Felicitá
Este interessante exemplar de dramédia francesa não é um filme para todos. Afinal, conta a história de uma família completamente disfuncional (e que lembra, e muito, o longa Kajillionaire) que tenta dar um último dia de verão incrível para a filha, antes de iniciar a temporada na escola. A partir daí, este segundo longa-metragem do cineasta Bruno Merle mergulha nas desventuras dessa família, com especial atenção ao olhar da filha. Felicitá erra um pouco no ritmo da história e, sobretudo, na forma como alguns segmentos são apresentados. No entanto, ainda assim, dá para se divertir e viajar na leveza dessa história e dessa família tão peculiar.
Os piores
Heróis Nunca Morrem
A sensação é de que Heróis Nunca Morrem é um filme que não consegue se decidir. Indicado ao prêmio Caméra d'Or no Festival de Cannes, este é o primeiro longa dirigido por Aude Léa Rapin. Na história, Joachim, o protagonista, é abordado por um homem que acredita que ele seja a reencarnação de um soldado bósnio. Segundo o desconhecido, Joachim teria nascido no mesmo dia da morte do soldado. Intrigado, Joachim viaja para Sarajevo com duas amigas para descobrir sua vida passada. Depois, a partir dessa boa premissa, o filme acaba se perdendo em uma narrativa confusa, que não assume uma personalidade própria, e uma bobagem espiritual que não convence ninguém. Faltou profundidade no tema para tratá-lo de maneira séria.
Enorme
Mas o "prêmio" de maior bobagem do My French Film Festival, em 2021, fica com Enorme -- ou Enormous, como ficou em algumas plataformas de streaming. Quinto longa da diretora Sophie Letourneur, este longa-metragem se propõe a contar como uma gravidez indesejada afeta a vida de um casal. No entanto, apesar de ficar na comicidade da situação, o longa-metragem acaba passando a mão na cabeça na história de um abusador. Isso mesmo. Afinal, o marido engana a esposa, troca o anticoncepcional por doces e nunca diz para ela que está tentando ter um filho. É uma situação absurda, criminosa, que não poderia mais ser tratada com humor em pleno século XXI. E pior: há apenas uma única cena que condena a atitude do personagem. Nada além disso.
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