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Foto do escritorMatheus Mans

Opinião: em 2018, o Oscar perdeu a chance de ser grandioso


Os indicados ao Oscar foram revelados há mais de um mês, mas só agora acabei de ver os grandes títulos da edição e, também, os principais esnobados que correram por fora ou que acabaram recebendo atenção apenas em uma ou outra categoria. Agora, então, percebo como o Oscar perdeu a chance de ser grandioso, optando apenas por filmes formulaicos e sem emoção.

Veja bem: se analisarmos friamente o ano de 2017, o cinema teve grandes momentos. Mãe! desagradou muitos pelo seu excesso de metáforas, mas foi um sopro de originalidade numa indústria cada vez mais contaminada pelos reboots e sequências. A Ghost Story é um forte ensaio espectrológico sobre dilemas pessoais que foi gloriosamente esnobado, sem ter chance alguma.

Enquanto isso, alguns filmes resvalaram na premiação, mas acabaram recebendo atenção em uma ou outra categoria. É o caso, por exemplo, de Projeto Flórida, um delicado filme de Sean Baker que recebeu uma única indicação em Melhor Ator Coadjuvante -- e que deve perder. Logan, Doentes de Amor e Blade Runner 2049 foram outros filmes subestimados pelo lobby da indústria.

Isso, é claro, sem falar nos blockbusters que caíram nas graças do público e até da crítica, mas que nem foram especulados para a premiação. Um exemplo é It, A Coisa, que chamou a atenção pela ótima mescla de horror com comédia e pela atuação arrebatadora de Bill Skarsgard como Pennywise. Mulher Maravilha, Em Ritmo de Fuga e Fragmentado são bons exemplos também.

O que quero dizer com tudo isso? Bem, o Oscar perdeu uma oportunidade clara de ser grandioso. Há alguns anos, a Academia expandiu o número de indicados à Melhor Filme de cinco para dez. O objetivo, segundo os votantes, era aumentar a popularidade da premiação apostando em filmes que, ao longo do ano, caíram no gosto popular, mas que não possuem a tal fórmula do Oscar.

Em 2018, só Corra! e talvez Dunkirk podem ser incluídos nesse novo modelo. O resto faz parte de um mesmo tipo de cinema, que é privilegiado pelo lobby das grandes produtoras e que, nem sempre, significam qualidade. Afinal, o que Destino de Uma Nação e The Post fazem entre os indicados com tantos outros bons filmes de fora? É apenas a fórmula banal do Oscar.

O pior disso tudo, porém, é que no final todos perdem: o Oscar, o cinema e espectadores. O show acaba ficando apagado por conta de alguns protagonistas inferiores, enquanto outras grandes produções são esquecidas apenas por banalidades recorrentes. É uma pena. A torcida fica para que isso mude no futuro, apesar do cenário não ser muito promissor. Mas a esperança é a última que morre.

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