Liga da Justiça, que chegou ao Brasil na última semana, era a grande esperança da Warner e da DC. Afinal, a coisa andava instável na terra do Batman e Superman: Lanterna Verde, Esquadrão Suicida e Batman vs. Superman decepcionaram público e crítica, com filmes que transitavam entre o medíocre e o irregular. Mulher Maravilha, porém, resgatou os ânimos de fãs e crítica. A reviravolta final viria com o filme que reúne todo o elenco da companhia. Era ganhar ou ganhar.
No entanto, quase uma semana após o lançamento do filme, já sabemos que a coisa saiu dos trilhos. O filme até agradou parte da imprensa e do público, se firmando com uma nota de 84% da audiência do Rotten Tomatoes. Mas não é isso que agrada a Warner e a DC. São empresas e, como qualquer organismo vivo no mundo capitalista, é uma roda que só funciona com dinheiro. E neste ponto, Liga da Justiça está se provando como um verdadeiro fracasso.
No Brasil, os resultados de bilheteria foram bons -- até esta terça-feira, segundo o Filme B, o longa arrecadou R$ 46,4 milhões. No resto do mundo, porém, o cenário é diferente: nos EUA, a arrecadação de ingressos foi de US$ 93 milhões; no mundo todo, o total somado de venda de ingressos não ultrapassou a barreira dos US$ 300 milhões. É um resultado muito desastroso, visto que o filme deve ter custado aos cofres da Warner na ordem de US$ 600 milhões.
Para a Forbes, as chances de prejuízo são grandes. Segundo a publicação, a arrecadação de bilheterias deve perder o fôlego e a Warner terá que arcar com um prejuízo na ordem de US$ 100 milhões. É um valor muito alto para a maior aposta da DC nos últimos anos. Afinal, o longa é a reunião de todos os heróis em atividade e, principalmente, uma grande reunião de atores do primeiro escalão que, em tese, deveriam atrair um público muito maior para as salas de cinema.
Se essa previsão da Forbes se concretizar, então, é quase certo o caminho pedregoso da DC. Será, sem dúvidas, o momento de colocar a bola no chão e analisar as possibilidades. Será que vale a pena continuar a investir num universo compartilhado que conta com resultados irregulares? Pior: será que vale a pena gastar rios de dinheiro com um elenco que, aparentemente, não está conseguindo suprir a necessidade de bilheteria? Esta é a hora perfeita para a DC repensar sua estratégia.
A meu ver, a saída é única: apostar no poder individual de cada personagem e investir no talento criativo de grande diretores. Afinal, Batman foi entregue de maneira livre para Nolan e o resultado é espetacular -- um dos filmes da trilogia, aliás, é considerado um dos maiores filmes da história do cinema. Este é o momento, então, da DC parar o que está fazendo e voltar a apostar na força de seus personagens e na capacidade de dar o poder criativo para quem sabe trabalhar com isso.
Imagina que fantástico ver o Superman nas mãos de Denis Villeneuve, de A Chegada e de Blade Runner 2049? Ou melhor: ver o Flash nas mãos de Edgar Wright, de Baby Driver? Ou o Aquaman com Guillermo del Toro? Seria fantástico! Diretores incríveis com personagens ainda mais incríveis. O resultado dessa receita não poderia ser ruim. Só falta coragem da DC para ir à público e assumir que errou. E, logo depois de assumir, começar a colocar sua casa em ordem.
Por favor, esqueçam Zack Snyder! Esqueçam universo compartilhado! Deixem o Batman tirar um descanso merecido. E usem a criatividade e o poder financeiro para projetos que honrem a memória desses personagens. Afinal, se isso for feito, não só os fãs ficam felizes. O Cinema, como um todo, agradece.
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