Nesta semana, o filme O Quinto Elemento, de Luc Besson, completou 20 anos desde o seu lançamento, em 1997. Bastante tempo para um filme, mas quase nada para este clássico da ficção científica. Afinal, o longa permanece como uma das principais obras do gênero na década de 1990, ao lado dos filmes Doze Macacos, Matrix e o esquecido, mas ainda assim emblemático, Gattaca. É uma obra que entrou para a história do cinema e que hoje ainda vê sua influência nas produções de ficção científica.
Na história, um taxista de Nova York (Bruce Willis, em seu melhor papel), no século XXIII, se envolve em algo inimaginável: um complô de um estranho ser demoníaco que acontece na galáxia a cada 5 mil anos e que, como efeito, deve destruir a Terra se nada for feito. Então, para impedir que tal tragédia aconteça, Willis precisa encontrar quatro pedras antigas — que representam os elementos — e colocá-las em torno de uma bela mulher (Milla Jovovich, em sua estreia no cinema), que é o quinto elemento.
A partir daí, a mente de Luc Besson decola. Ele, que só tinha dirigido filmes sobre histórias e personagens marginais, como O Profissional, Imensidão Azul e Nikita, inverte toda a sua experiência e sai da zona de conforto. No lugar de retratos de figuras reais, apesar de excêntricas, ele cria caricaturas — seja de personagens com os quais estava acostumado a trabalhar, seja de si mesmo. Assim, ao longo do filme, nós vemos personagens como o de Chris Tucker, que rende momentos impagáveis, as cenas inesquecíveis da ópera e, é claro, o figurino futurista.
Besson também tem a sorte de trabalhar com um elenco afinadíssimo e extremamente interessado no que está sendo produzido: Bruce Willis, que está em seu melhor momento da carreira após Duro de Matar e Pulp Fiction, se entrega e consegue passar todo o desespero que o personagem deve transmitir — deixando sua saga muito mais próxima do espectador. E Milla Jovovich, em seu primeiro grande papel, se agarra ao que pode e dá vida à curiosa e interessante Leeloo. E, claro, sem esquecer Gary Oldman como o vilão Zorg, em um dos papéis mais divertidos de sua carreira.
Além disso, o roteiro de Besson (que o escreveu aos 16 anos) e de Robert Mark Kamen (de Busca Implacável) é uma aula de cinema ousado e criativo. Ele não apenas trafega no limiar da utopia e do cinismo, como também acrescenta elementos visionários -- e que bebem de fontes como Blade Runner e da saga Star Wars -- e ótimos momentos de humor. Impossível não rir de Chris Tucker e de alguns bordões, como o "Multipass".
Por fim, O Quinto Elemento, que parece uma obra distante de toda a filmografia de Besson, é a que pontua e cria um marco em sua carreira. Afinal, depois de O Quinto Elemento, o diretor se soltou. Mesmo que alguns críticos digam que ele já não é mais o mesmo, o francês está se divertindo -- fez filmes infantis (Arthur e os Minimoys), comédias de máfia (A Família) e até o controverso Lucy. No entanto, não importa mais o que ele faça: já fez história com O Quinto Elemento, que pode ser chamado, sem medo de errar, de clássico recente do cinema.
Obs.: O diretor está trabalhando em uma nova ficção científica, 'Valerian e as cidades dos mil planetas', que deve estrear em agosto. Pelo trailer, parece promissor.
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