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Foto do escritorMatheus Mans

Nos bastidores de 'As Boas Maneiras', animatrônicos e improviso


Difícil não se surpreender com o resultado de As Boas Maneiras. Dirigido por Marco Dutra e Juliana Rojas (Trabalhar Cansa) e elogiadíssimo aqui no Esquina durante exibição na Mostra de São Paulo, o longa-metragem nacional arrisca além da média e vai além em vários sentidos: desde a direção ousada, a temática pouco usual e as boas técnicas utilizadas.

Todo esse sentimento que vem à tona durante a projeção ficou comprovado durante conversas da reportagem com a dupla de direção e a protagonista Izabel Zuaa (Joaquim), que revelaram interessantes detalhes sobre o clima dos bastidores e de tudo que foi feito para o filme tomar essa forma autoral, interessante e muita corajosa dentro do cenário nacional.

"Era um clima de muita conversa. Afinal, ninguém estava totalmente acostumado com o que estávamos fazendo", conta Zuaa, que interpreta a empregada doméstica Clara. Por ter muitas cenas com o menino Miguel Lobo, que dá vida ao lobisomem, foi preciso usar diversas técnicas de computação e efeitos visuais. "Eu contracenava com dois ferrinhos e tinha que ter toda a carga emocional necessária, como se estivesse vendo o próprio personagem."

Dutra e Rojas, que também nunca tinham usado efeitos especiais com tamanha escala, decidiram mesclar técnicas: ao invés de apostar apenas no CGI, a dupla também investiu em efeitos práticos -- como uma luva para as mãos do lobisomem e até um animatrônico (robôs que reproduzem algo vivo). "O bebê lobisomem é um robô vindo da França", conta Dutra. "Eram pessoas pra controlar: um movimentos gerais, outro cabeça e outro expressões."

Com isso, o processo no set acabou tendo uma dinâmica diferente. Era preciso checar se atores não tinham passado na frente de pontos que receberiam tratamento digital, cenas precisavam ser gravadas de diversas maneiras e, numa sequência no shopping, foi preciso muito cuidado para esconder marcas e objetos que remetessem ao Shopping Eldorado, onde a cena foi gravada. "A gente tinha uma equipe só pra auxiliar nisso", comemora Rojas.

No improviso. Zuaa também contextualiza que o filme mudou muito da primeira lida do roteiro até a versão final. A história, segundo ela, tem a mesma essência, mas coisas foram sendo excluídas e acrescentadas ao longo do caminho. Parte disso aconteceu, também, pois houve improviso e muita conversa entre elenco e direção. "Antes de cada cena, eu conversava com os dois, entendia melhor a dinâmica", revela Zuaa. "Saiu muito improviso."

A atriz, que está deslumbrante tanto em Joaquim quanto em As Boas Maneiras, também diz que não esperava gostar tanto do resultado final do longa-metragem de Rojas e Dutra. "Claro, eu me emocionei muito durante a leitura do roteiro e durante as filmagens", diz. "Mas as lágrimas caíram de verdade quando assisti o filme pela primeira vez. Não esperava que o resultado final estivesse tão forte, tão emocionante. Fiquei feliz."

 
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