Doug Jones é extremamente elegante, simpático e tem pontualidade britânica, apesar de ter nascido em Indiana, nos Estados Unidos. Sem atrasar nem um único minuto, chegou para a coletiva de imprensa no Hotel Meliá, em São Paulo, dando oi para todos os presentes e logo se desculpando por não falar português -- coisa rara de ser ver em entrevistas de personalidades estrangeiras que vêm ao País. E se mostrou extremamente animado de estar pela primeira vez no Brasil para participar da StarCon, evento da comunidade fã de Star Trek. "Achei o evento muito Doug-Jones-cêntrico, mas estou animado", brincou o ator, que interpreta o Saru da série Star Trek: Discovery.
Logo no início das perguntas e respostas, foi bombardeado por questões que envolvem a complexa mitologia de Star Trek, que ganhou essa nova roupagem pelo serviço de streaming da Netflix. Segundo ele, porém, a produção está conseguindo agradar gregos e troianos. Ou melhor: fãs clássicos e pessoas que estão descobrindo Star Trek agora. "A gente tinha um missão muito difícil em mãos: trazer modernidade para a série e manter todo o background clássico da história, dos personagens e dos seus significados. Acho que agora já podemos dizer que conseguimos alcançar essa missão."
Segundo ele, também não é fácil viver um personagem da série. Além de ter que usar uma complexa maquiagem e luvas de látex, que o impedem de "mexer no celular ou, ainda, abrir e fechar o zíper da calça", há as complexidades particulares do roteiro. "A história e os diálogos da série são todos escritos com uma consultoria constante de cientistas", explicou o ator, que também já atuou em filmes como A Forma da Água e O Labirinto do Fauno. "Muitas vezes estou lendo o roteiro e preciso parar tudo para checar, na Wikipedia, o que algum termo quer dizer. E sempre faz sentido com a trama."
Para ele, porém, o mais encantador é a relação entre os diferentes personagens. "Star Trek: Discovery se passa num futuro que as diferenças de espécie, de orientação sexual e outras coisas não importam mais. Tudo é natural. Isso é o que mais me apaixona", diz.
Fora. Além de sua interpretação em Star Trek, Doug Jones também comentou algumas de suas outras experiências no cinema. As principais, claro, envolvendo o cineasta Guillermo del Toro. "Já são sete projetos com ele", contextualizou Jones, antes de iniciar uma espécie de declaração de amor ao diretor, produtor e roteirista. "Ele é uma enciclopédia de arte. Ele faz de tudo, toca uns sete projetos ao mesmo tempo. Por isso sempre digo que quando ele liga para me chamar para algo, é uma ligação de ouro."
Segundo Jones, aliás, o visual de monstro mais desafiador que precisou usar foi o de A Forma da Água. "Não só pela maquiagem, que levava umas oito horas para ser aplicada, mas por conta de todo o processo de desenvolvimento da criatura. O visual precisava ficar bonito, mas eu precisava ser sexy. É difícil. Mas, no final, consegui ser um peixinho sexy", disse o ator, arrancando gargalhadas dos presentes. E ainda completou: "é sempre bom lembrar que os monstros são sempre os mais humanos dos filmes que eu faço. Os monstros, na verdade, estão nos próprios seres humanos. Isso que assusta."
SERVIÇO O que? StarCon 2019. Onde? Teatro Eva Wilma.
Quando? Sábado, dia 2 de fevereiro.
E os ingressos? No site oficial da StarCon.
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