Estreia do Amazon Prime Video desta sexta-feira, 24, o reality show Em Casa com os Gil talvez seja uma das coisas mais potentes já produzidas pela gigante do streaming em terras brasileiras. Dirigido por Andrucha Waddington, o programa se propõe a mostrar os bastidores da vida da família de Gilberto Gil, em um retiro bucólico durante a pandemia do novo coronavírus.
No entanto, ainda que seja semelhante, esqueça o formato de Keeping Up With the Kardashians. Nada de futilidades ou conversas vazias. Aqui, ao longo de cinco episódios de trinta minutos cada um, Gilberto Gil, Flora, Bela, Preta, Flor, Nara, João, Francisco, Bem, José, Marília, Maria, Bento, JP Demasi, Mariá Pinkusfeld e Mãeana existem. Conversam. Discutem. Se aprofundam.
Eles, afinal, estão em quarentena, se protegendo da covid-19, mas também se preparando para uma turnê de toda a família na Europa. Chega a hora, assim, de cada um defender sua visão de um projeto artístico, de uma apresentação, de uma música. É natural, que a partir disso, surjam questões humanas, que dão o tom desses cinco episódios. São leves, mas com essência e força.
"O desafio era, exatamente, oferecer um trabalho, uma jornada audiovisual, com imagens e sons e músicas e conversas, que fosse interessante para o público. Focalizando uma família, uma personalidade conhecida, com uma inserção pública como eu, os meninos todos, os filhos, os netos, a equipe toda envolvida", conta Gil, na coletiva. "O desafio era esse. Ser uma coisa palatável, no sentido contemporâneo da imagem, da TV, do documental, do filme, dessas coisas".
Nascimento de 'Em Casa com os Gil'
A família Gil, durante a coletiva, contou que todo esse projeto nasceu de um insight de Preta. "A Preta sugeriu, há alguns anos, antes da pandemia. Ela tinha uma noção razoável das coisas e sugeriu que a gente saísse por aí. Nos programamos para, antes da covid, fazer isso. Mas, justamente, a pandemia impediu esse trabalho que estamos fazendo agora, juntando filhos, netos e amigos para sair cantando por aí", conta Gilberto Gil, sempre educado, polido e profundo.
Obviamente, os episódios de Em Casa com os Gil não proporcionam apenas essas discussões e reflexões aprofundadas. Existem pequenos suspiros aqui e acolá, como uma privada entupida.
"Andrucha se camuflou na nossa família. As câmeras ficaram escondidas na nossa convivência. Agimos da forma mais natural possível, com todo mundo se sentindo em casa. Temos conflitos, sim, mas é aquilo ali. Meu pai implicando com o Flamengo, brigando por causa do time de futebol, Bento instigando discussões. [A série] é muito fiel ao que a gente é", conta Preta Gil.
No entanto, a essência é verdadeiramente de reflexão. O cotidiano da família Gil não como forma de voyeurismo, como são quase todos os reality shows. Mas como ponto de partida para mais.
"Como passar a verdade, como passar a fidelidade, um valor familial para outras famílias, para embriões de família que estão começando por aí?", questiona Gil sobre o verdadeiro desafio do programa e o que ele queria passar sendo filmado. "Essa questão do exemplo. Que tipo de exemplo a gente quer dar? Que valor a gente tem? Que valor essa família tem, que pressupõe a possibilidade de passar uma mensagem sobre esses valores? O desafio é ser real e verdadeiro".
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