A Copa do Mundo 2018 chegou ao fim no último domingo, 15, e deixou uma série de memórias. O feiticeiro do Hexa, o Canarinho Pistola, os tombos do Neymar, a queda de Tite, o Ronaldinho Gaúcho tocando tambor na final. Mas no que concerne a transmissão do evento, de total exclusividade da Rede Globo na TV aberta, há dois destaques: Luís Roberto e Galvão Bueno.
O primeiro é o mais óbvio e o que as pessoas mais concordam. Depois de já sair marcado na competição de 2014, principalmente por conta dos "negros maravilhosos", Luís Roberto voltou a dar um show de narração. Entusiasmado, divertido e sem medo de se mostrar empolgado, o locutor carioca foi o que mais passou emoção e verdade nos jogos que narrou.
Parte disso é responsabilidade dos bordões que ressurgiram ("fé no pé" e "sabe de quem?") e das brincadeiras que o locutor fez com seu público no Instagram. Só a enquete para saber se ele deveria repetir a expressão "negros maravilhosos" já mostrou como Luís Roberto conseguiu mesclar seu trabalho ao mesmo tempo que agrada um público ocioso por uma locução mais leve e despretensiosa para o dia a dia.
Além disso, Roger Flores -- que substituiu Juninho Pernambucano -- conseguiu se ancorar bem no narrador. Mais sem sal do que Casagrande, mas mais animado do que Júnior, o ex-jogador do Fluminense entrou na vibe de Luís Roberto e topou tudo. Desde brincadeiras com o penteado até um momento realmente empolgante durante um jogo da Alemanha na fase de grupos. Cumpriu bem seu papel, apesar das duras críticas iniciais.
Assim, depois de surpreender com uma leveza inesperada em 2014, Luís Roberto se consolida como o narrador mais interessante em atividade na televisão brasileira. Vai fazer falta ao público de outras praças, já que é exclusividade do campeonato carioca.
Mas ainda que Luís Roberto tenha se destacado e se consolidado como o melhor narrador da Copa, não se pode esquecer de Galvão Bueno. Odiado por muitos, amado por muitos outros, o eterno narrador do Olodum e do "pode isso, Arnaldo?" mostrou como é importante na ambientação para a Copa do Mundo. Sua voz, já marcada pelos mais de 40 anos dedicados à profissão, continua empolgando e mostrando sua força emocional.
Tal sentimento foi potencializado, principalmente, durante a transmissão da final no último domingo. O narrador ficou emocionado com um depoimento de Casa Grande sobre dependência química, ficando com a voz embargada por alguns segundos. Logo depois, Arnaldo Cezar Coelho anunciou sua aposentadoria, pondo fim numa parceria de longa data com Galvão. Numa comparação literária e exagerada, é Dom Quixote sem Sancho Pança.
E já nos últimos minutos de transmissão, o locutor deixou uma dúvida no ar, falando que essa pode ter sido sua última Copa no posto de narrador. Neste momento, até os que não aprovam a narração de Galvão ficaram ligeiramente emocionados. Prova disso são as reações do público no Twitter do locutor, que entrou na rede social pouco tempo após o fim da Copa. Respondeu centenas de seguidores, fez piada, brincou e até riu de sua própria imagem.
Isso, apesar do desgaste da imagem do locutor, só mostra como é importante sua figura dentro de toda a mitologia das competições que envolvem a seleção brasileira. Muitos ainda podem alegar que não "suportam mais o Galvão" ou que "já deu pra ele". Mas cá entre nós, não é estranho imaginar uma partida do Brasil sem os bordões já clássicos do narrador? Eu acho. Por isso, sou o primeiro a falar: fica, Galvão. Queremos ouvir seu grito do hexacampeonato.
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