Não sei se é acaso do destino, boa curadoria ou a natural evolução do mundo. Mas é curioso, e muito positivo, notar como vários filmes da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo mostram a força da mulher. Em qualquer lugar do mundo, a partir de qualquer situação e em qualquer gênero de história, são elas que se sobressaem.
Numa rápida puxada de memória, vários títulos se encaixam nesse 'movimento'. Papicha, da Argélia, ao contar a história da resistência de uma estudante de moda; A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, que mostra a vida de duas mulheres no Brasil da década de 1950; o alemão System Crasher, sobre uma garota abandonada.
Isso sem falar de A Maratona de Brittany, o mais exemplar da lista, sobre uma mulher acima do peso que decide se preparar para correr na Maratona de Nova York -- ao mesmo tempo, é claro, que passa a ter uma vida mais saudável. E Swallow, o mais estranho, sobre uma esposa que começa a ingerir objetos perigosos durante a gravidez.
E ainda tem Babenco que, apesar de ser um documentário sobre o cineasta Hector Babenco, acaba entregando mais informações sobre a força da diretora Bárbara Paz.
E ainda tem Wasp Network, que evidencia mais o papel das esposas de espiões do que dos espiões em si; The Girl with a Bracelet, sobre machismo e sororidade; e o elogiadíssimo documentário Amazing Grace, sobre a cantora e estrela Areta Franklin.
São filmes sobre tudo e sobre todas. Que evidenciam a força da mulher, a importância história delas e até a centralidade que exercem sobre uma relação. São títulos fortes, muitas vezes complementares, que dão uma visão de mundo importante e atual. A Mostra, como era de se esperar, soube acompanhar o cinema e a sociedade no geral.
O arte gráfica dessa edição, assinada pela excelente artista plástica Nina Pandolfo, não foi à toa. Mais do que retornar ao Brasil, a Mostra exibiu sua feminilidade. E isso, em tempos tão brutos, não poderia ser mais positivo. É um festival necessário para o País.
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