Lauro Escorel é um dos diretores de fotografia mais bem sucedidos do cinema nacional. Aos 70 anos, o profissional coleciona trabalhos impressionantes em seus currículo, como São Bernardo, Bye Bye Brasil e até o estrangeiro Ironweed, com Meryl Streep e Jack Nicholson. Agora, assume o posto de diretor em Fotografação, filme que exalta sua paixão pela fotografia.
Quarto trabalho de Escorel como diretor, após Libertários, Sonho sem Fim e A Fera na Selva, esta é a estreia do fotógrafo como diretor de um documentário em longa-metragem. E não poderia fazer mais sentido. Afinal, Fotografação se propõe a contar a história da fotografia no Brasil e a fazer um mergulho nas imagens que ajudaram a moldar a arte e, é claro, o País.
"Uma coisa que me marcou muito foi ver o encantamento de famílias com exposições de fotos clássicas brasileiras. Percebi que seria lindo fazer um filme com aquelas imagens, para que elas circulassem mais amplamente e de maneira mais imersiva, nos cinemas", afirma Escorel, ao Esquina. "Queria contar a história da nossa fotografia clássica, em tempos de fotos digitais".
E para narrar essa história, Escorel se coloca no filme. Mais do que um retrato isento, o cineasta, com a sua longa experiência com a fotografia para compartilhar, se põe na frente das câmeras, conversa, bate-papo, narra a história. De maneira pessoal, conduz o olhar do espectador. Segundo ele, foi a forma mais simples que encontrou para juntar seus vários desejos no filme.
"O documentário não é uma tese, é uma viagem que quero compartilhar com as pessoas", diz Escorel, questionado sobre seu estilo de "autorretrato". "Queria fazer um filme onde buscava o diálogo entre diferentes fotógrafos. Mas me dei conta de que havia esse diálogo com o cinema. Aí coloquei a camada pessoal pra fazer o elo entre tudo isso e o que aprendi com as pessoas".
Nessa junção de histórias, Escorel acabou tendo que fazer escolhas. Na edição, precisou tirar alguns entrevistados ("queria incluir mais dez", disse ele) e saber lidar com a grande quantidade de material de arquivo. Mas prezou pela clareza de ideias. "O grande desafio é criar o diálogo entre especialista, fotografia e minha trajetória. Queria conversar com um público mais amplo".
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