ATENÇÃO: Não viu o filme 'Entre Realidades'? Então não estrague sua experiência. Leia AQUI nossa crítica sem spoilers, salve o link deste texto e volte depois. Será melhor assim. Garanto.
É quase impossível chegar ao final de Entre Realidades, filme da Netflix estrelado por Alison Brie (Glow), sem um grande ponto de interrogação rondando os pensamentos. Afinal, o longa-metragem conta com uma narrativa totalmente fragmentada, na qual o roteirista e diretor Jeff Baena (As Pequenas Horas) faz um mergulho de cabeça nas perturbações da protagonista.
O fato é que as interpretações acerca do filme são inúmeras. No vídeo do Esquina no YouTube, a caixa de comentários serviu para uma intensa troca de experiências e interpretações. Cada um acha uma coisa. E isso que torna a experiência do filme mais rica -- apesar dos inúmeros problemas na condução da história, como apontamos na crítica do 'Esquina' sem spoilers.
Aqui, então, tentamos traduzir nosso entendimento sobre a trama a partir dessas visões compartilhadas conosco e, também, a partir do nosso entendimento sobre o filme da Netflix.
Inicialmente, a sensação é de que Entre Realidades se trata de um filme convencional sobre uma personagem que começa a se descolar da realidade -- como nos longas Loja de Unicórnios, As Vozes e Unicórnio. No entanto, algumas passagens na narrativa vão dando indicações de que há coisas sendo escondidas do espectador, já que não parecem sequenciais e são pouco coesas.
Por exemplo: numa cena, a personagem de Debbie Ryan trata a protagonista com carinho e preocupação. Dali poucas cenas, o tratamento muda completamente para algo quase violento.
Não é possível que o roteiro tenha deixado isso passar batido. Personagem nenhum se transforma dessa maneira. A resposta plausível, assim, é que algo aconteceu nesse intervalo e não foi revelado. O motivo? Todo o filme se passa na cabeça de Sarah, a protagonista. E assim como ela tem descolamentos da realidade e do tempo, o filme também não consegue ser linear.
Essa sensação vai se intensificando conforme chegamos ao final. Sarah se aproxima cada vez mais da loucura e começa a viver uma realidade completamente fantasiosa -- aquela roupas e as máscara usadas pela personagem, por exemplo. E a abdução, no final das contas, nada mais é do que a entrega completa da personagem à insanidade. Ela dá adeus ao seu "mundo real".
Um comentário feito pela seguidora Márcia Denise, no YouTube, também traz uma questão interessante: há chances de Sarah nunca ter saído do hospital. A personagem de Debbie Ryan nada mais é do que a colega de quarto na ala psiquiátrica. E algumas passagens, como o relacionamento com a chefe e o cara da loja de encanamentos, são alucinações ou memórias.
O fato é que Entre Realidades é o que o título em português -- bem melhor do que o em inglês, Horse Girl -- trata exatamente disso: de uma mulher que vem de uma linhagem familiar de problemas mentais e que acaba desenvolvendo as próprias questões. Baena e Brie, em momento algum, quiseram falar sobre essas questões de maneira distante, como um zoológico.
Os problemas mentais da protagonista não só tomam conta da narrativa, como são a narrativa. E é por isso que ele se faz tão abstrato e confuso: é um mergulho poderoso e psicodélico.
Eu gostei... as faltou história, é confuso e se a pessoa assiste e não chega a uma conclusão oi final plausível por conta própria, como foi meu caso, é frustrante, mas é bom, só é triste.
E eu jurando que se tratava de um filme estilo Dark, ou Donnie Darko, jurei que realmente se referia a abduções e viagens no "tempo".
Filme sem anexo péssimo