Se você terminou de assistir a O Poço 2 com aquela sensação de "o que foi que acabou de acontecer?", calma! Não está sozinho. O filme, assim como seu antecessor, é cheio de simbolismos e provoca mais perguntas do que respostas. Mas é exatamente isso que o torna tão intrigante -- e, talvez, seja o momento mais criativo e ousado de um filme bem fraco.
Abaixo, vamos descomplicar as coisas e entender o significado por trás desse final caótico.
Qual é a história de 'O Poço 2'
Assim como no primeiro filme, O Poço 2 se passa naquele pesadelo vertical onde prisioneiros precisam lutar (literalmente) por comida enquanto uma plataforma desce de nível em nível, distribuindo suprimentos. O problema é que a maioria não segue as regras — ou seja, comer só o que pediu antes de entrar — e isso gera um caos previsível.
Mas, diferente do primeiro filme, onde o "cada um por si" dominava, agora existe uma espécie de "sistema de ordem". Os prisioneiros têm uma regra mais rígida para garantir que todos comam: você só pode comer a sua própria comida. Parece justo, né? Só que qualquer deslize é punido de forma brutal. E é aí que as coisas começam a desandar...
O que acontece no final?
Perempuán (vivida por Milena Smit) inicialmente segue as regras, até se tornar uma das que as impõem. No entanto, ao ser punida de forma injusta por Dagin Babi (Óscar Jaenada), o líder autoritário do lugar, ela decide lutar contra o sistema. Usando um plano deixado por sua ex-companheira de cela, ela tenta escapar durante o "reset" mensal do poço — um momento em que os prisioneiros são rearranjados enquanto estão inconscientes devido a um gás.
No entanto, em vez de simplesmente fugir, Perempuán faz uma escolha altruísta: decide arriscar sua vida para salvar uma criança que encontra na cela mais baixa, a 333. Essa decisão é crucial para o simbolismo do filme.
O que o final realmente significa?
O grande tema de O Poço 2 parece ser a redenção. Ao contrário do primeiro filme, que era mais sobre a sobrevivência egoísta, este foca em sacrifício e salvação. A jornada de Perempuán mostra sua transformação, de alguém que aceita a ordem brutal do sistema, para alguém que coloca a vida de outro ser (inocente) acima da sua própria.
Quando ela decide salvar a criança, é como se estivesse se redimindo por tudo o que aceitou e fez enquanto estava presa no sistema.
O poço em si é uma metáfora para a sociedade, onde todos tentam subir na pirâmide social, muitas vezes pisando nos outros. A criança, por outro lado, representa inocência e a chance de um novo começo — talvez uma mensagem de esperança em meio ao caos.
O que é aquela cena com as crianças brincando?
Ah, sim! Aquela cena recorrente das crianças brincando em uma pirâmide de pedra tem um forte simbolismo. Assim como no poço, o jogo começa organizado, mas rapidamente se transforma em uma luta por poder. A criança que chega ao topo da pirâmide não ganha uma recompensa — pelo contrário, é levada para o fundo do poço, para a cela 333.
Essa cena é um microcosmo do que acontece no poço: todos lutam para subir, mas o topo é, na verdade, o lugar mais perigoso e isolado.
E o que aconteceu com Perempuán?
Embora o filme não deixe isso claro, a interpretação mais aceita é que Perempuán morre no final, mas sua missão foi bem-sucedida. Ela salva a criança, oferecendo-lhe uma chance de escapar do destino cruel do poço.
O fato de outros personagens mortos aparecerem no final reforça a ideia de que o fundo do poço é uma metáfora para a morte. Mesmo assim, o sacrifício dela não foi em vão — a criança, assim como no primeiro filme, é a "mensagem" que precisa ser levada para fora do poço.
O Poço 2 aprofunda ainda mais as críticas sociais iniciadas no primeiro filme, mas traz um tom mais voltado para a redenção. A jornada de Perempuán é um lembrete de que, mesmo nos sistemas mais cruéis e opressivos, há espaço para atos de bondade e sacrifício. E essa é a verdadeira mensagem do filme: em um mundo de caos e desespero, o sacrifício por outro pode ser a única forma de redenção.
baita analise, parabens!
Boa explicação