Nos últimos anos, os grandes lançamentos do cinema estão enfrentando um efeito de falta de criatividade de diretores, roteirista e produtores. Ao invés de buscar tramas originais, os responsáveis pela sétima arte estão recorrendo à sequências, remakes e reboots para ter certeza de um faturamento rápido e fácil. No entanto, esta crise, que já se prolonga há alguns anos, está começando a se expandir: antes restrita apenas aos blockbusters de ficção, agora já atinge as animações
Até agora, os principais lançamentos no gênero de animação, em 2017, são Meu Malvado Favorito 3, Carros 3,Os Smurfs e a Vila Perdida e O Poderoso Chefinho. Com exceção do último listado, todos os outros não contam com uma trama original, inventiva. Pelo contrário: as animações estão começando a sentir este efeito, ficando presas neste ciclo de baixa reinvenção e continuações. E O Poderoso Chefinho, que traz uma boa ideia, fica preso em um medo de ousar, de ir além.
O pior é que o cenário não é positivo daqui pra frente: segundo a agenda de lançamentos, teremos o filme dos Emojis -- que precisa de um roteiro incrível para não ser um fracasso -- e The LEGO Ninjago, que não parece ser tão bom quanto o primeiro filme da LEGO. As únicas esperanças parecem estar em Capitão Cueca, que pega a história dos livros e leva para as telonas, e em O Touro Ferdinando, uma animação que deverá ser lançada pela Fox quase em 2018.
Assim, parece que este problema do cinema chegou de vez. Os grandes lançamentos não são histórias originais ou, ainda, são continuações. Não há o ineditismo de histórias como nos anos 2000, quando surgiram clássicos como Monstros S.A., Up - Altas Aventuras, Wall-E. São apenas apostas seguras, garantindo um retorno certo, sem grandes emoções nas bilheterias. Afinal, ao lançar uma história já conhecida, os estúdios economizam alguns milhões na divulgação para crianças.
Além disso, grandes produtoras -- principalmente a Disney -- aposta em filmes com retorno certo de licenciamento. Carros 3, por exemplo, só existe por causa dos milhões que todos produtos geram em vendas. É um conforto generalizado e que arrisca fazer com que seja estendido por muito tempo e por muitas histórias. Por isso, uma animação nova e original, quando fracassa em termos de criatividade, torna toda a situação mais preocupante -- como é o caso de O Poderoso Chefinho, apesar da boa bilheteria.
Agora, é torcer para que este problema seja passageiro e que logo as animações voltem a ser o frescor original que sempre foram -- e como continua na cena independente, com Bruxarias e Garoto Fantasma. Afinal, é ali que residem as histórias mais belas e que mais deixam o espectador viajar em suas tramas e personagens marcantes. Que esta crise de criatividade no cinema não se abata sobre os desenhos, que precisam continuar sendo o escape perfeito para a rotina das pessoas.
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