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Foto do escritorMatheus Mans

Filho de Janete Clair e Dias Gomes lança CD instrumental


Janete Claire e Dias Gomes consolidaram seus nomes no meio literário e televisivo. O casal, que foi uma das principais forças da TV em seu alvorecer, foi responsável por novelas como O Astro, Selva de Pedra, O Bem-Amado e Roque Santeiro. Uma dupla talentosa, sem dúvidas. E, felizmente, esse talento voltado às artes se perpetuou na figura de Alfredo Dias Gomes, filho do casal e que acaba de lançar seu 11º disco solo.

Solar, seu novo trabalho, parece ser a síntese e a evolução de todo a discografia já apresentada na carreira do baterista e compositor Alfredo Dias Gomes. Afinal, ele faz sentido ao ser escutado dentro da obra do músico, que sempre reverencia o jazz e composições mais intuitivas. A bateria está ali, o ritmo passeia entre instrumentos e influências instrumentais. Mas também vai além ao trazer harmonias brasileiras e com um pé no regional. É uma mistura interessante e gostosa de ser descoberta.

"Solar foi concebido muito facilmente", explica o músico e instrumentista ao Esquina, numa entrevista feita por e-mail, ao ser questionado sobre o disco. "Todo o processo de composição, gravação, mixagem e masterização, foi realizado em apenas um mês".

Curiosamente, algumas das faixas de Solar foram compostas a pedido de sua mãe. A deliciosa Viajante, por exemplo, foi escrita por Alfredo para a novela Coração Alado, de 1980, e enfim gravada pelo Dominguinhos. "Ela foi feita quando eu tocava na banda do Hermeto Pascoal e nessa época eu estava respirando música brasileira", explica o músico. "Considero minha passagem na banda do Hermeto uma das melhores experiências que já tive e toda essa influência também faz parte do meu trabalho."

No entanto, conforme ressalta Alfredo na entrevista que concedeu ao Esquina, há uma presença mais brasileira nos primeiros discos de sua carreira. A coisa começou a mudar recentemente, quando ele passou a olhar o jazz com mais atenção. Essa boa e interessante mescla, então, parece ser algo natural de acontecer. "Nos meus últimos discos eu transitei mais pelo jazz/fusion. Em Solar eu retomo essa brasilidade", diz.

O disco

Ouvir Solar, como um todo, parece um passeio. Viajante, como ressaltado anteriormente, é a que tem o pé mais fincado no regional, no brasileiro -- foi feita, afinal, para um personagem de Tarcísio Meira, que sai do Nordeste pra ganhar a vida no Rio de Janeiro. A canção que dá nome ao disco, aliás, continua nessa pegada de música brasileira, ainda que menos regional, já que tem uma presença forte de sua bateria.

Em “Corais”, o baterista apresenta seu lado mais doce e suave, com uma balada de melodia bem brasileira -- apesar da presença que se insinua do jazz. Na ótima El Torador, Alfredo traz tinturas ibéricas numa fortemente espanholada. Afinal, foi composta também a pedido de sua mãe, mas desta vez para a peça teatral homônima.

Trilhando traz o andamento rápido do jazz, o característico “walking bass”. Sai desse escopo brasileiro e revisita o que Alfredo fez em seu disco anterior, o ótimo Jam. Em Smoky, um jazz climático traz a bateria participando da melodia, dobrando juntamente com o sax. O fusion acaba surgindo em Alta Tensão, com clima tenso e uma bateria bem solta e improvisada. Na última faixa, Finale, Alfredo continua na atmosfera fusion, terminando com duo de bateria e sax em ritmo de samba -- uma boa surpresa do disco.

E como será que esse trabalho, agora tão mesclado no jazz, fusion e MPB, irá continuar? Alfredo Dias Gomes responde. "Tenho um EP pronto que eu produzi para a minha filha, a cantora Tatiana Dias Gomes, para ser lançado no meio do ano", explica o músico. "Mas também pretendo continuar lançando novos discos instrumentais", diz, deixando fãs de boas músicas aliviados. Afinal, Solar é excelente. Gostinho de "quero mais" é inevitável.

 
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