Esse filme é uma desconstrução. Mas uma desconstrução poética dirigida e escrita por Oswaldo Montenegro. Reunindo uma série de personagens do imaginário infantil, A Chave do Vale Encantado ganhou a tela na quarta noite do Festival de Cinema de Vitória, e mais que isso, emocionou crianças e adultos com uma narrativa leve, musical e muito bonita.
O Vale Encantado é um lugar onde personagens como Chapeuzinho Vermelho, Príncipe Encantado e Papai Noel vivem em harmonia. Quando uma criança no mundo real sonha, eles entram em ação, encenando suas histórias. Mas quando eles estão dormindo, quem está no sonho deles? Isso é indagado pelo próprio Montenegro. A questão leva alguns personagens a furtarem a chave do Vale, que está em posse do Papai Noel. Com a chave, eles cruzam a fronteira do imaginário e se deparam com a decepcionante realidade.
Inspirado no livro Vale Encantado, escrito por Oswaldo Montenegro em 1994, esse é o quarto filme do diretor. A ideia inicial é fazer releituras das histórias infantis de forma divertida. Além disso, notamos que no mundo criado por Montenegro, mesmo que haja a existência do bem e do mal, eles convivem em harmonia, pois ninguém é totalmente bom, tão pouco totalmente mal. Além de tudo o filme comove, talvez mais adultos que crianças. Existe ali, através de músicas criadas para o filme e questões levantadas pelos próprios personagens, um panorama da felicidade e a procura de seu real significado, onde buscamos saber o quanto estamos próximos dela.
Embora despretensioso, A Chave do Vale Encantado nos faz pensar. O filme de Oswaldo Montenegro possui tudo o que é necessário para reunir a família na frente da tela. Diverte as crianças e faz os adultos voltarem aos velhos tempos. Mas além da diversão também vejo ensinamentos, até lições, que motivam o afeto, alegria e esperança.
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