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Amilton Pinheiro *

Festival de Brasília 2017: Filme de Adirley Queirós decepciona público


Adirley Queirós viveu dois momentos no Festival de Brasília. O primeiro foi uma apoteótica consagração em 2014, quando seu segundo longa Branco Sai, Preto Fica venceu como melhor filme. O outro foi a noite de ontem, 22, quando Era Uma Vez Brasília, recebeu uma recepção bem morna, inclusive com algumas vaias.

O novo filme do diretor radicado em Brasília era um dos mais aguardados do festival este ano, com a sala abarrotada de pessoas que queriam assistir a primeira exibição de Era Uma Vez em Brasília (o filme tinha passado no Festival de Locarno, na Suiça). O que ninguém esperava era um filme sem expressão e sem unidade, que parte de um fiapo de história trabalhada de forma equivocada e pretensiosa.

A história se passa no futuro intergaláctico, quando um agente recebe a missão de matar o presidente Juscelino Kubitschek em 1959, em plena inauguração de Brasília. Mas por problemas técnicos na nave, o agente vem parar em 2016, na Ceilândia, no furacão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff – é introduzido as falas da presidente Dilma e de Michel Temer.

Assim como tinha feito com seu longa anterior Branco Sai, Preto Fica, o diretor introduz elementos da política atual para fazer sua crítica social à cisão entre a periferia de Brasília e sua cidade satélite. Partindo de um bom argumento, o diretor não consegue criar uma história, ainda mais em se tratando de um longa com 100 minutos de duração. Sem ter o que contar, o diretor coloca sua câmera parada em longos takes, deixando uma sensação de estarmos diante de um vídeo-instalação.

O filme vai massacrando o expectador com esses longos takes, que nada expressam. Os personagens perdidos naquela “nave” sem rumo que o diretor propõe, são obrigados a ficar parados diante da câmera, ora ditando diálogos vazios, ora em silêncios constrangedores.

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