A 50ª edição do Festival de Brasília se encerrou na noite de ontem, 24, com a entrega dos Candangos para os vencedores de curtas e longas metragens da mostra competitiva. O prêmio principal da noite, de melhor longa, foi para o intimista e poético Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, que faz um retrato de dez anos na vida de um operário mineiro.
Esta edição do festival foi pautada na questão racial, que se mostrou salutar por trazer uma filmografia marginalizada e sem visibilidade dentro da indústria de cinema brasileiro. Mas também privilegiou, por conta disso, filmes problemáticos do ponto de vista de linguagem, prejudicando produções com narrativas mais elaboradas.
Alguns premiados se beneficiaram pelas temáticas abordadas em detrimento das formalidades estéticas e de linguagem que traziam. Filmes que não tratavam da questão racial, social ou da violência contra as mulheres, foram ignorados ou prejudicados na premiação, como foi o caso do curta-metragem Inocentes, de Douglas Soares, sobre o objeto de desejo do fotógrafo Alair Gomes, e o longa Pendular, de Julia Murat.
O Festival de Brasília apontou, nesta edição, outros caminhos e maneiras de analisar e avaliar os filmes, o que é muito importante. Agora resta saber se isso será uma tendência ou algo que espelhe apenas um momento de exceção que estamos atravessando. É nesse aspecto que o melhor filme do festival, Vazante, de Daniela Thomaz, duramente atacado por mostrar a escravidão do ponto de vista do olhar de um branco, foi o grande prejudicado.
Por outro lado, o diretor de Era Uma Vez Brasília, Adirley Queirós, que ganhou como melhor diretor, se beneficiou mais em função da temática abordada no seu longa do que os aspectos formais de sua direção.
Troféu Candango – Longa-metragem:
Melhor Filme: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
Melhor Direção: Adirley Queirós por Era uma vez Brasília
Melhor Ator: Aristides de Sousa por Arábia
Melhor Atriz: Valdinéia Soriano por Café com canela
Melhor Ator Coadjuvante: Alexandre Sena por Nó do Diabo
Melhor Atriz Coadjuvante: Jai Baptista por Vazante
Melhor Roteiro: Ary Rosa por Café com canela
Melhor Fotografia: Joana Pimenta por Era uma vez Brasília
Melhor Direção de Arte: Valdy Lopes JN por Vazante
Melhor Trilha Sonora: Francisco Cesar e Cristopher Mack por Arábia
Melhor Som: Guile Martins, Daniel Turini e Fernando Henna por Era uma vez Brasília
Melhor Montagem: Luiz Pretti e Rodrigo Lima por Arábia
Prêmio Especial do Júri: Melhor Ator Social para Emelyn Fischer, por Música para quando as Luzes se apagam
Júri Popular (Prêmio Petrobras de Cinema) longa-metragem: Café com canela, dirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio
PRÊMIOS OFICIAIS – Troféu Candango – Curta-metragem:
Melhor Filme: Tentei, dirigido por Laís Melo
Melhor Direção: Irmãos Carvalho por Chico
Melhor Ator: Marcus Curvelo por Mamata
Melhor Atriz: Patricia Saravy por Tentei
Melhor Roteiro: Ananda Radhika por Peripatético
Melhor Fotografia: Renata Corrêa por Tentei
Melhor Direção de Arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho por Torre
Melhor Trilha Sonora: Marlon Trindade por Nada
Melhor Som: Gustavo Andrade por Chico
Melhor Montagem: Amanda Devulsky e Marcus Curvelo por Mamata
Prêmio especial: Peripatético, dirigido por Jéssica Queiroz
Júri Popular – Curta-metragem: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina
OUTROS PRÊMIOS
Prêmio Canal Brasil: Chico, dirigido por Irmãos Carvalho
Prêmio Abraccine:
Melhor filme de longa-metragem: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
Melhor filme de curta-metragem: Mamata, dirigido por Marcus Curvelo
Prêmio Saruê: Afronte, direção de Marcus Azevedo e Bruno Victor
Prêmio Marco Antônio Guimarães: Construindo pontes, dirigido por Heloísa Passos
Prêmio CiaRio/Naymar para o melhor curta pelo Júri Popular: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina
Comments